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23 dezembro 2018

Território Inimigo (Enemy Territory)

Tensão dos anos 80 !!!


Quem é mais velho (sem ofensa), deve sentir muita falta dos anos 80 e 90, não tinha esse mimimi todo, essa merda de politicamente correto, hoje não se pode fazer uma piada que pode ofender meia dúzia barulhenta hipócrita e nojenta. Na época, tinha propagandas das mais variadas, divertidas e de duplo sentido; todo mundo cresceu e ninguém morreu assistindo alguma propaganda do Neston com o aluno e a professora ou alguma do chocolate Garoto.


Mas se tratando de filmes, as décadas passadas tinham diversas pérolas que passavam na TV e divertia demais a galera, eu não sei explicar mas a ''aura'' que tinha nesses filmes é diferente do que tem hoje. Em sua maioria são enredos simples, com baixo orçamento mas que tem o retorno que importa que é divertir que está assistindo.

TERRITÓRIO INIMIGO segue as pérolas da época com o roteiro bem fraquinho, aqui nos coloca a par de Barry (Gary Franck), um corretor de seguros que está falido e precisa muito de dinheiro, já que deve pensão a sua ex mulher (ex ''alguma coisa'' é para sempre, amiguinhos). Seu chefe (Charles Randall em seu ultimo trabalho) para lhe ajudar, dá uma apólice de seguro de uma aposentada onde sua única tarefa é buscar sua assinatura. Barry queria deixar para a próxima segunda, mas precisa ser pego no dia se não, o outro corretor iria ficar com a mesma. Barry então é ''forçado'' a buscar essa assinatura. Parece até o Charlinho do Hermes & Renato, o coitado é muito azarado. Ele é tão azarado que nem na capa brasileiro teve destaque, sendo que é o protagonista do filme. Mas calma, o dia dele vai piorar ainda mais.


O filme segue o estilo de ''The Warriors - Os Selvagens da Noite'', ou ''Fuga de Nova Iorque, onde um grupo precisa fugir de algum lugar, perseguido por gangues ou prisioneiros. Aqui a fuga se dá de um prédio, eu explico. Barry vai então buscar a assinatura da aposentada Elva (Frances Foster), o grande problema é que ela mora em um dos mais barra pesada bairros da cidade, lugar tomado por gangues, mas especificamente, o prédio onde mora, ''Os Vampiros''. É tão complicado que nem a policia se mete por lá a noite. E sim, está quase anoitecendo.


Chegando lá, Barry já é cercado por adolescentes mal encarados pedindo dinheiro. Aquele tipo, ou dá dinheiro, ou fazem alguma coisa com o carro, mesmo assim, até o rádio levam dele (kkkkk Eu sei que não é legal rir da desgraça alheia, mas é que na cena fica muito engraçado). Azarado é pouco para o falido corretor. Dentro do prédio, Barry pede informação para um pirralho e acaba encostando nele, isso basta para virar inimigo mortal dos ''Vampiros''. Sim, eu avisei que o enredo é bem fraquinho... O corretor começa a ser chamado de ''fantasma''.


Barry é ajudado pelo segurança Barton (Tiger Hayes), talvez a única pessoa que é respeitada por lá. O segurança o acompanha até o apartamento de Elva. Após pegar sua assinatura, basta ir embora que vai ficar tudo certo. ERRADO !!! Barry e Barton são surpreendidos no elevador pelos ''Vampiros'' e aqui conhecemos seu líder (o multitarefa Tony Todd). Após o confronto entre a gangue e Barton que acaba morrendo com uma facada, mas leva um ''Vampiro'' para o inferno, logo o pirralho que desencadeou tudo isso, o fantasma fica sozinho, mas logo consegue ajuda do técnico de telefone e ex militar Will (o cantor Ray Parker Jr. o que cantou a musica tema de Caça Fantasmas). Agora ambos estão unidos para escapar do prédio.

Garry Franck tem uma atuação bem digamos ''ok'', até porque não seria necessário muito mais para interpretar seu personagem. Não compromete com nada. Aqui talvez seja seu trabalho mais conhecido, apesar de já ter atuado em várias séries conhecidas como: ''Ilha da Fantasia''; ''As Panteras'' e ''Magnum'', mas tudo em apenas um episódio e em algumas outras menos conhecidas com uns dois ou três episódios.

Também é o trabalho mais conhecido do Ray Parker Jr., mas claro, atuando como ator, pois ele é muito famoso nos Estados Unidos como cantor. Participou de diversos programa de TV e documentários. Sua música mais famosa e de maior sucesso é ''Ghostbusters''. O que ? Não conhece ?


Por curiosidade, o videoclipe impulsionou a indústria dos mesmos, inclusive foi o número 1 na MTV por algum tempo. Em 1984, o cantor Huey Lewis venceu um processo contra Parker alegando que ''Ghostbusters'' plagiou a sua música chamada ''I Want New Drug''. Deixei abaixo para tirarem suas conclusões.


Sinceramente ? Na minha opinião lembra sim essa música e consultando o site ''Whosampled'', consta que realmente tem samples. https://www.whosampled.com/Ray-Parker-Jr./Ghostbusters

Mas vamos voltar, Tony Todd, o líder dos vampiros tem uma carreira como ator e dublador muito prolifera. Atuou em diversas animações como ''Scooby-Doo'' de 2017 e ''Batman Bravos e Destemidos''; e em videogames: ''Call of Duty Black Ops 2'', ''Half Life 2'' e ''DOTA 2'', por exemplo. Na temporada 7 de ''24 Horas'', foi o General Benjamin Juma. Outro destaque vai para a participação no ''A Noite dos Mortos Vivos'' de 1990 dirigido por George Romero.

Uma surpresa é Jan-Michael Vicent, interpretando o cadeirante cheio de marra e armado até os dentes Parker, que ajuda a dupla contra os Vampiros. Vicent chegou a ser o ator de TV mais bem pago dos Estados Unidos quando era a estrela da serie ''Águia de Fogo'', mas devido ao seu vicio em drogas e álcool, teve uma queda em seus convites para filmes e series, tendo que aceitar trabalhar em filmes de baixo orçamento.


O filme foi dirigido por Peter Manoogian e esse talvez seja o seu filme mais conhecido, até porque não dirigiu muitos.

TERRITÓRIO INIMIGO tem todo o clima dos anos 80, quem é dessa época e ainda não o viu (ou queira rever), é uma ótima oportunidade nostálgica para relembrarmos como foi bom essa época e como lançavam filmes divertidos, mesmo com minúsculo orçamento.

Trailer


Estados Unidos
1987 - 89 minutos

Direção
Peter Manoogian

Elenco:
Gary Franck (Barry)
Ray Parker Jr. (Will)
Tony Todd (Líder dos Vampiros)
Stacey Dash (Toni)
Frances Foster (Elva)
Jan-Michael Vicent (Parker)
Deon Richmond (Chet)
Charles Randall (Beckhorne)

Download (versão dublada)









30 novembro 2018

Possum

Intrigante filme britânico



POSSUM é uma grata surpresa que foi lançada em 2018 mas que infelizmente é pouco conhecido, mas me arrisco a escrever que virou cult e criou uma pequena legião de fãs. De qualquer maneira, já aviso que este é um tipo de filme que não te explica o que rola, aqui não temos as coisas mastigadas com começo, meio e fim. A esmagadora maioria de POSSUM é interpretativa, sim, é você que terá que tirar suas conclusões. Além disso, muitos vão torcer o nariz por ser um filme lento e ficarão cansados já nos primeiros minutos.


O filme é a estreia de Matthew Holness na direção, para quem não conhece, ele é um ator e comediante inglês. Também escrever o roteiro, ou seja, muitos vão pensar, que maconha estragada o Holness está usando kkkkk Pois é, POSSUM é um terror psicológico bem doido, que vai prender a atenção daqueles que não se importarem das características que citei do mesmo. O filme é baseado num conto escrito por Holness para o livro ''The New Uncanny: Tales of Unease''. No conto, o personagem principal era incapaz de se comunicar verbalmente e o fazia com um fantoche horripilante. Hollness que é fã de terror mudo dos anos 20 e 30, tem com POSSUM a intenção de criar um filme de terror ''mudo'' moderno. Curioso, não ? O filme não é mudo, mas tem o mínimo de diálogos possível.


Aqui temos a história de Phillip (Sean Harris), que retorna a sua casa de infância após ficar órfão devido a um incêndio. Ele é uma pessoa cabisbaixa, melancólica, pessimista, todo desajustado, enfim é um coitado que deve ter sofrido bullying na escola o tempo todo. Phillip possui uma maleta que parece ser o único ''amigo'' que tem, tamanho cuidado que tem com ela. Realmente ficamos curiosos em saber o que diabos tem dentro. Phillip é daqueles que não incomodam ninguém, não fede e não cheira.

Na casa, também mora seu padrasto Maurice (Alun Armstrong) que é tão bizarro quanto seu enteado, mas de uma forma ao contrário, é um ser desagradável e parece sentir prazer em maltratar Phillip. Voltando ao protagonista, o coitado tem uma certa obsessão (ou seria um trauma) por uma criatura chamada Possum (hummm então é daí que saiu o nome do filme), que é uma espécie de aranha mas um tanto, digamos, mais bizarra que o normal. Na verdade o que ele quer mesmo é se livrar dessas visões e maluquices que tem com a (ou o) Possum. Phillip fez tudo que pode para exterminar essa praga mas a porcaria acaba sempre voltando.


Na trama, temos também o desaparecimento de crianças que estudam numa escola próxima. Dá a entender que Phillip é o responsável, mas será que seria capaz disso ? Visto que temos o personagem visualizando a escola e como olha para as crianças, é bem possível que seja. Mas temos também o seu padrasto para parece que manipula todos para ir contra Phillip.

Sean Harris tem uma atuação magnifica nesse filme, caso tenha visto ''MI: Nação Secreta'' e ''MI: Efeito Fallout'', ele foi o vilão Solomon Lane, totalmente diferente do personagem daqui. Inclusive em POSSUM, é difícil sugerir uma idade para Phillip, tanto visualmente, quanto a sua atitude, infantil até, em certos momentos. O diretor Holness numa entrevista, declarou que trabalhou com Phillip e não com Harris, tamanha dedicação do ator no personagem.


Alun Armstrong não fica atrás na atuação, inclusive Maurice é aqueles personagens que torcemos para morrer de tão FDP que é. Armstrong é muito conhecido na Europa, com atuações desde a decada de 70. É muito versatil, atuando no cinema, seriado e teatro. Dois filmes famosos em que atuou são, ''Van Helsing'' de 2004, com o Wolverine Hugh Jackman e ''Eragon'' de 2006.

A fotografia do filme é mais um show a parte, o filme ajuda e muito em deixa-lo angustiante, melancólico, triste...  POSSUM parece nos remeter de volta aos anos 80, a cidade quase que desértica, com poucas cores, Phillip na maior parte do tempo está sozinho, parece até ''Eu Sou a Lenda'' (tudo bem nem tanto). Uma curiosidade de bastidores é que Harris e Armstrong só interagiam nas cenas em que atuavam juntos, a intenção era criar um ar de separação e tensão quando se juntassem.


Mas filme de terror sem uma boa trilha e efeitos sonoros não é filme de terror ! POSSUM não faz feio, tendo sido criada pelo estúdio The Radiophonic Workshop, que faz parte do canal BBC. As musicas se encaixam perfeitamente no filme, e claro, também ajudando na melancolia do personagem. O trabalho foi tão elogiado que foi lançado um CD e um vinil. 

De uma chance a POSSUM, ele com certeza vai se encaixar no 8 ou 80, ou ame ou odeie. Para finalizar, o longa participou do festival de cinema Brooklyn Horror Film Festival, vencendo 3 premios, melhor ator, ator coadjuvante e melhor fotografia para Kit Fraser. 

Trailer


POSSUM
Reino Unido
2018 - 85 minutos

Direção:
Matthew Holness 

Elenco:
Sean Harris (Phillip)
Alun Armstrong (Maurice)

Download (versão legendada)

28 outubro 2018

Cidade Maldita (Nightmare City)

Mais um zumbi italiano !



Resenha vinda do amigo Alan do Trashinema.

Com o vazamento radioativo de uma usina nuclear, o repórter Miller vai ao aeroporto para receber e
entrevistar o professor Hagenbeck, que daria esclarecimentos sobre o ocorrido. Porém, quando o avião chega ninguém responde e o exército ameaça invadi-lo, mas quando a porta se abre o professor e os outros passageiros parecem contaminados - e com o rosto que mais parece sujo com barro seco - e atacam os soldados, deixando vários mortos.


Miller vai ao ar para noticiar o ocorrido, mas o exército o proíbe e com isso ele se demite. Ainda na
estação de TV, os sujeitos de cara encardida chegam atacando durante um programa ao vivo de dança,
matando as dançarinas com facas e machados e bebendo seu sangue. Logo o local e arredores fica infestado de contaminados enquanto o exército parece mais preocupado em censurar a imprensa do que agir contra os ataques. Finalmente eles brilhantemente identificam que os agressores não são extraterrestres e sim humanos contaminados e ficam com força sobre-humana, precisam de sangue para sobreviver e só podem ser detidos com tiros na cabeça.


Logo a turma de semi-zumbis atômicos que são ágeis, fortes e sabem usar armas - só não são de falar
muito - invade a base militar e fazem várias vítimas, enquanto o alto escalão fica discutindo estratégias e formas de não noticiar os ataques - como se a cidade já não estivesse toda tomada pelos agressores. No hospital onde Anna, a esposa de Miller é médica, os feridos chegam como moscas e o local fica logo cheio de contaminados atacando. O casal consegue escapar de lá e passam pela cidade
completamente devastada quando, finalmente o exército declara estado de emergência.

O Major Warren alerta a sua esposa Sheila - bem mais jovem que ele - para trancar a casa, mas parece
já ser tarde demais. Uma amiga dela é agredida e em um momento Lucio Fulci do filme, tem seu olho
perfurado e arrancado por uma faca. Quando Warren aparece por lá, a esposa já está contaminada e
ele é obrigado a atirar na sua cabeça, que estoura e faz sua peruca voar longe. Uma coisa interessante
é que parece que o que torna as vítimas contaminadas é apenas uma conveniência de roteiro, já que
muitos apenas morrem quando atacados. Já Miller e Anna, entre uma briga e outra, param num posto de gasolina e na igreja e se deparam com um zumbi onipresente, que está em toda parte e um padre zumbificado, que Miller prontamente mata.


O casal vai para um parque de diversões, onde Miller mostra sua boa pontaria e estoura várias cabeças. O filme vai se encaminhando para seus últimos minutos e nos perguntamos qual será a resolução milagrosa que o diretor pensou para a conclusão do filme quando, passeando de helicóptero, Warren passa por lá e avista os dois e tenta salvá-los, mas Anna não consegue se segurar na corda presa ao helicóptero e cai se espatifando como uma boneca velha. Aí vemos que o diretor não pensou num final, já que tudo era um pesadelo de Miller, mas quando acorda, tudo começa a se repetir e são mostrados os dizeres "O pesadelo se torna realidade".

Taí mais uma daquelas tranqueiras italianas - aqui em coprodução com a Espanha - que praticamente
não tem história e com aqueles finais cíclicos picaretas, bem típicos do exploitation italiano. O filme
parece ter sido inspirado pelos filmes ''A Noite dos Mortos Vivos'' e '''Despertar dos Mortos'', mas sem a crítica social de Romero e com efeitos toscos, mas que não deixa de ser uma boa diversão de baixa renda para quem gostou de Virus e Burial Ground. NIGHTMARE CITY, cujo título original é Incubo Sulla Città Contaminata, saiu por aqui como Cidade Maldita, em Portugal como ''O Pesadelo dos Mortos-Vivos'', e em alguns países como ''La Invasión de los Zombies Atómicos''.



Quem assina a direção foi Umberto Lenzi, falecido recentemente, em 2017, que fez alguns filmes de
canibais, inaugurando o gênero com ''Mundo Canibal'' (''Man From Deep River/Il Paese del Sesso
Selvaggio''), além de ''Vivos Serão Devorados'' (''Eaten Alive/Mangiati Vivi''!) e Cannibal Ferox.

Assim como outros diretores italianos contemporâneos, Umberto Lenzi trabalhou nos mais diversos
gêneros cinematográficos. Nos anos 60 ele entrou na onda dos filmes de espionagem com ''A 008
Operazione Sterminio'', ''Superseven Chiama Cairo'' e ''Técnica de Espionagem'' (''Le Spie Amano i Fiori''). Também se meteu com filmes de guerra: ''Patrulha Suicida'' (''Desert Commandos/Attentato ai tre grandi''), ''Battle of the Commandos'' (''La Legione dei Dannati''), ''A Grande Batalha'' (''Il Grande Attacco'') e ''Do Inferno à Vitória'' (''From Hell to Victory''); e com westerns: ''A Outra Face da Coragem'' (''Go For Broke/Tutto per Tutto'') e ''Uma Pistola para 100 Sepulturas'' (''Una Pistola per Cento Bare'').


Lenzi também foi responsável por diversos gialli, como ''O Louco Desejo'' (''Paranoia/Orgasmo''), ''Tão Doce''. ''Quanto Perversa'' (''So Sweet... So Perverse/Così Dolce... Così Perversa''), ''Os Ambiciosos Insaciáveis'' (''A Quiet Place To Kill/Paranoia''), ''Spasmo'', ''Knife Of Ice'' (''Il Coltello di ghiaccio), ''Sete Orquídeas Manchadas de Sangue'' (''Sette Orchidee Macchiate di Rosso'') e ''Eyeball'' (''Gatti Rossi in un Labirinto di Vetro''). Assim como alguns filmes policiais conhecidos como poliziotteschi: ''Milano Odia: La Polizia non Può Sparare'', ''O Império do Crime'' (''Napoli Violenta'') e ''Roma Armada'' (''Roma a Mano Armata''). Leia Rabid Dogs desse subgênero. Também não dá pra deixar de citar ''A Praia do Pesadelo'' (''Nightmare Beach''), ''Ghost House'' e, um de seus últimos, ''Black Demons'' (''Demoni 3'').


Trailer


Cidade Maldita (Nightmare City)
Itália
1980 - 92 minutos

Direção:
Umberto Lenzi

Elenco:
Francisco Rabal (Major Warren)
Hugo Stiglitz (Dean Miller)
Laura Trotter (Dra. Anna Miller)
Maria Rosaria Omaggio (Sheila)
Stefania D'Amario (Jessica Murchison)
Tom Felleghy (Tenente Reedman)
Ugo Bologna (Desmond)


Download (versão legendada)