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26 dezembro 2024

Bacalhau (Bacs)

Paródia brazuca do "Tubarão" 


O filme "Tubarão (Jaws)", dirigido por Steven Spielberg em 1975, é uma obra-prima do cinema que redefiniu o conceito de "blockbuster" e do suspense. Com sua narrativa tensa, personagens marcantes e um vilão não humano inesquecível, o longa deixou uma marca profunda na cultura pop e no gênero de terror/suspense.

A trama se passa na fictícia ilha de Amity, onde um enorme tubarão branco começa a aterrorizar a costa, atacando banhistas e colocando em xeque o sossego da comunidade local. O chefe de polícia Martin Brody (Roy Scheider), o oceanógrafo Matt Hooper (Richard Dreyfuss) e o caçador de tubarões Quint (Robert Shaw) se unem para enfrentar o predador em uma caçada épica e mortal.


Uma das maiores forças de "Tubarão" é o uso da sugestão. O vilão aparece poucas vezes nas telas, mas sua presença é sentida o tempo todo, especialmente graças à trilha sonora emblemática composta por John Williams. As duas notas que compõem o tema principal se tornaram sinônimo de perigo iminente e são uma aula de como criar suspense com simplicidade.


O filme conta com personagens marcantes como Martin Brody, o chefe de polícia, um homem comum enfrentando circunstâncias extraordinárias. Sua luta contra o tubarão reflete sua batalha contra seus próprios medos e limitações.  Matt Hooper, representa a ciência e o racionalismo, oferecendo uma perspectiva técnica e cômica ao grupo.  E finalmente Quint, o velho lobo do mar é a personificação da experiência e do instinto, mas também carrega uma carga emocional pesada, especialmente em seu discurso sobre o naufrágio do USS Indianapolis, uma das cenas mais intensas do filme.  

O tubarão é mais do que um animal perigoso, ele é um símbolo do medo primordial e do desconhecido. É imprevisível, implacável e incontrolável, personificando o caos da natureza diante do homem.

O filme conta ainda com críticas como a ganância política onde o O prefeito de Amity insiste em manter as praias abertas para preservar a economia local, mesmo sabendo do perigo, mostrando como o lucro é colocado acima da segurança.  Ainda o conflito homem versus natureza, onde o tubarão representa a força bruta da natureza, enquanto os humanos tentam controlá-la com sua tecnologia e organização, frequentemente falhando.  

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O diretor Steven Spielberg utiliza ângulos baixos e closes para criar uma sensação de vulnerabilidade. O uso do "ponto de vista do tubarão" (a câmera submersa acompanhando as vítimas) é brilhante e agoniante. A trilha sonora de John Williams transforma sons simples em pura tensão, elevando as cenas de suspense a um nível quase insuportável.  

"Tubarão" foi o primeiro filme a ser amplamente distribuído em cinemas e a investir pesado em marketing, inaugurando a era do blockbuster de verão. Após o lançamento, muitas pessoas desenvolveram medo de nadar no mar, tamanha a eficácia do filme em instigar o terror psicológico.  

Deixou de legado a inspiração para inúmeros filmes de terror com animais, mas nenhum conseguiu capturar o equilíbrio perfeito entre suspense, drama e ação como "Tubarão".

Esse não é apenas um filme de terror; é uma obra-prima de narrativa visual e emocional. Explora o medo humano em seu estado mais puro, enquanto constrói uma história cheia de camadas e personagens cativantes. É um clássico atemporal que continua a inspirar cineastas e aterrorizar plateias até hoje. Dito isso...

O filme BACALHAU (BACS), lançado em 1976 e dirigido por Adriano Stuart, é uma das pérolas do cinema brasileiro que mistura sátira, deboche e um tom escrachado característico da pornochanchada. A obra não é apenas uma comédia, mas uma crônica ácida e cômica sobre o Brasil da época, repleta de caricaturas e exageros. Adivinha em que filme foi inspirado?


A história gira em torno de uma fictícia invasão estrangeira no litoral brasileiro, mais precisamente na pacata cidade de Guarujá. Os invasores? Suecos fanáticos por bacalhau! A trama se desenrola com a população local reagindo de maneiras absurdas a essa ameaça culinária-militar, culminando em uma série de situações hilárias e grotescas que são um verdadeiro reflexo da paranoia e do humor peculiar da época.

O filme brinca com o patriotismo brasileiro, que na década de 1970 estava em alta, muito impulsionado pelo regime militar. O "perigo estrangeiro" é uma invasão de suecos, o que por si só já soa ridículo. Eles não estão interessados em riquezas, mas em dominar o mercado de bacalhau no Brasil. Uma crítica velada (ou escancarada?) ao capitalismo e à globalização emergente.


BACALHAU conta com inúmeros personagens caricatos como uma femme fatale que comanda os invasores com sensualidade e sotaque falso, representando uma mistura de perigo e desejo. O prefeito corrupto, típico retrato do político brasileiro (que vale até hoje), preocupado mais em manter seu status do que em proteger a população.  Temos ainda um pescador atrapalhado que se vê no centro da confusão e acaba liderando a resistência com ideias mirabolantes.  

Prepare-se para cenas bizarras, como suecos vestidos de viking fugindo de ataques de sardinhas voadoras, e um momento épico onde o herói monta uma jangada armada com panelas para enfrentar um navio invasor. Tudo embalado por diálogos repletos de trocadilhos e duplo sentido.


 Apesar de toda a palhaçada, BACALHAU é um espelho da sociedade brasileira, com suas contradições, medos e costumes. Há piadas sobre corrupção, desigualdade social e a influência estrangeira, tudo isso embalado em um pacote cômico que mistura sensualidade e caos.

O filme é um lembrete de que o cinema pode ser divertido e provocativo ao mesmo tempo, sem se levar a sério. Ele transporta o espectador para um universo onde qualquer coisa pode acontecer, e onde até mesmo um peixe pode ser motivo de guerra. É perfeito para quem aprecia o humor nonsense e quer entender mais sobre a cultura e o cinema brasileiro dos anos 70.


Vamos falar um pouco do Adriano Stuart que foi ator, diretor, produtor e roteirista brasileiro, com uma carreira prolífica que marcou o cinema nacional, especialmente durante as décadas de 1970 e 1980. Nascido em 11 de fevereiro de 1944, em São Paulo, ele se destacou por sua versatilidade e por seu papel tanto na frente quanto atrás das câmeras. Sua trajetória artística foi essencial para consolidar gêneros populares no Brasil, como a pornochanchada e as comédias de costumes, além de suas incursões em dramas e produções televisivas.


Stuart começou sua carreira como ator, participando de filmes que capturavam o espírito irreverente e a crítica social do cinema brasileiro da época. Ele era conhecido por sua presença marcante e habilidade em interpretar tanto personagens cômicos quanto sérios. Sua atuação era muitas vezes permeada por um humor que transitava entre o escrachado e o satírico. Alguns dos filmes em que atuou refletem o contexto cultural e político do Brasil nos anos 70, abordando temas como censura, desigualdade e costumes populares, sempre com um toque de ironia.  


Como diretor, tornou-se uma figura ainda mais relevante ao dirigir filmes que hoje são considerados clássicos da cultura pop brasileira. Ele se especializou em capturar o humor popular, muitas vezes utilizando-se da estética da pornochanchada, um gênero que misturava comédia e sensualidade, adaptado à realidade brasileira.  

Embora Stuart seja mais associado à pornochanchada, seu trabalho vai além do rótulo. Ele ajudou a consolidar um cinema popular brasileiro que, apesar de muitas vezes marginalizado pela crítica da época, conquistou o público e hoje é visto como um retrato importante da sociedade brasileira daquele período.


Ele também contribuiu para a televisão, expandindo seu alcance e ajudando a levar seu talento a um público ainda maior. Seu estilo descontraído e cheio de personalidade marcou uma geração de espectadores e cineastas.

Faleceu em 15 de abril de 2012, mas seu legado continua vivo como um dos grandes representantes do cinema nacional, especialmente por sua contribuição à valorização de uma estética que dialogava diretamente com o público popular, sem perder o caráter reflexivo.


Stuart também atuou em BACALHAU sendo o personagem Matos. E falando no elenco, temos Maurício do Valle, Hélio Souto, Marlene França, Helena Ramos, Matilde Mastrangi e o Canarinho.

Se você está com fome de risadas e quer um prato cheio de absurdos, BACALHAU é a recomendação!

Trailer (não tem)

Bacalhau (Bacs)
Brasil
1976 - 95 minutos

Direção:
Adriano Stuart

Elenco:
Maurício do Valle (Quico)
Hélio Souto (Breda)
Marlene França (Suzete)
Helena Ramos (Ana)
Dionísio Azevedo (Petrônio)
Adriano Stuart (Matos)
Canarinho (Salim)
Neusa Borges (Carmem)
Matilde Mastrangi (Lucélia)


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30 novembro 2024

Jurassic Hunt

Caçando Dinossauros!


Esse é mais um título que imediatamente faz você pensar: "Será que este é mais um daqueles filmes que tentam capitalizar o sucesso de "Jurassic Park", mas com um orçamento que daria para comprar, no máximo, um dente de dinossauro?" A resposta é um sonoro SIIIIIIIIM! Este filme de 2021 dirigido por Hank Braxtan é tudo o que você esperaria de uma obra de ação e terror envolvendo dinossauros e pessoas imprudentes (para não dizer, burras), ou seja, muita tosqueira, explosões e répteis pré-históricos que parecem saídos de uma versão barata de algum jogo ruim de 32 bits.

Aqui temos, um grupo de caçadores (bem clichê) que se inscrevem em uma caça aos dinossauros dentro de uma reserva ultra-secreta. Aí você já vê onde as coisas estão indo: nada pode dar certo quando uma reserva inteira de dinossauros, que supostamente está sob controle, acaba ficando fora de controle, até porque, vamos lá, é claro que os dinossauros vão escapar, e é claro que todos esses machões armados até os dentes vão começar a ser devorados um a um. Daria para dizer que JURASSIC HUNT é um filme do Jason sem o Jason.


Logo no início, somos apresentados à nossa heroína, Parker (Courtney Loggins), uma mulher forte e misteriosa infiltrada entre os caçadores com sua própria agenda secreta. Porque, aparentemente, caçar dinossauros geneticamente modificados e famintos não era perigoso o suficiente, você precisa de uma espiã disfarçada entre os idiotas que acham que vão sair ilesos dessa bagunça. 

O vilão principal é o típico empresário malvado que vê a caça aos dinossauros como um negócio de alto risco e lucro rápido, você já o conhece, ele existe em todo filme desse tipo, então nenhuma novidade. É aquele cara que você sabe que vai acabar devorado de uma maneira muito irônica, geralmente depois de dar algum discurso sobrecomo ele está no controle de tudo. Mais clichê que isso, impossível!


E os dinossauros? Estes são, sem dúvida, as estrelas do show, mas não pelas razões certas. Imagine que alguém pegou o software de modelagem 3D de dinossauros da década de 90 e pensou: "Sabe o que seria ótimo? Se usássemos exatamente esses dinossauros aqui, sem melhorar NADA!" E foi exatamente isso que aconteceu.  Os (d)efeitos especiais são dignos de um filme feito para TV com orçamento de produção equivalente ao preço de uma pizza grande (em promoção). Os dinossauros, todos CGI, se movem com a graciosidade de marionetes digitais com articulações travadas. É aquele nível de efeito em que você sente vontade de chamar os gráficos de um jogo de Playstation 1 para se defender e dizer: "Pelo menos, eu não sou TÃO ruim!"

Os dinos, claro, são os mais irritantes (e onipresentes). Eles surgem de arbustos, rochas, e até parecem cair do céu, sempre prontos para abocanhar algum coitado que achou que era macho o suficiente para enfrentá-los com um rifle ou arco e flecha. A questão é que, enquanto em "Jurassic Park" eles eram criaturas assustadoras e habilidosas, aqui eles parecem aqueles cachorrinhos pequenos que correm atrás de você na rua, só que com mais dentes e menos cérebro.


E claro, temos o Tiranossauro Rex, que, por mais que o CGI seja terrível, ganha pontos pela sua "atuação dramática". Ele aparece do nada (como sempre) e transforma qualquer diálogo sem graça entre os personagens em uma corrida desesperada por suas vidas. O problema é que você não se sente aterrorizado, mas sim pensando: "Por favor, devorem logo essas pessoas chatas para que a gente possa terminar o filme."

O elenco dos caçadores é um desfile de estereótipos ambulantes. Temos o cara durão que fala pouco, o sujeito que tenta fazer piadas em momentos inadequados, o nerd que deveria ser um gênio, mas que só faz burradas, e, claro, a mulher fatal que é badass, mas usa roupas que não têm absolutamente nenhuma funcionalidade para uma caça aos dinossauros. 


E como não podia faltar, temos também o clássico personagem que acha que pode domesticar os dinossauros, como se eles fossem grandes lagartos de estimação. Este é aquele tipo de pessoa que claramente nunca assistiu a um filme de dinossauro antes. E acredite: o plano dele não vai terminar bem.

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Parker, nossa protagonista, faz o possível para salvar esse grupo de almas desmioladas, mas a verdade é que você passa metade do filme esperando que ela seja a última a sobreviver, não por ela ser a mais inteligente, mas porque, por comparação, todos os outros são incrivelmente irritantes e parecem estar implorando para serem devorados. E também o clichê "final girl" que temos em diversos filmes de terror.


Agora, vamos falar sobre as cenas de ação, porque é aqui que o filme se vende como um "caça-níqueis de dinossauros". O que ele entrega, porém, é uma mistura de tiroteios mal coreografados, correria desenfreada e uma edição que parece ter sido feita por alguém que tinha um prazo muito apertado (ou que estava com pressa de pegar o último ônibus).

As perseguições entre dinossauros e humanos são, na melhor das hipóteses, confusas. Há muitos cortes rápidos e ângulos estranhos, provavelmente para disfarçar o fato de que os dinossauros de CGI parecem não conseguir correr mais de cinco metros sem parecerem dessincronizados com o fundo digital. E as explosões, porque, claro, há explosões e são tão absurdas que você começa a pensar: "De onde veio essa bomba?" Em um momento, alguém está atirando em um dinossauro com uma espingarda, no seguinte, tudo está em chamas.


O que realmente se destaca, porém, são as mortes absolutamente hilárias dos caçadores. Todos eles parecem encontrar maneiras criativas (e idiotas) de morrer, seja sendo dilacerados por raptores ou esmagados por um Tiranossauro que surge do nada como se estivesse esperando o momento certo para fazer uma entrada triunfal.

E a cereja do bolo são os dialógos. Não há uma única linha que não seja uma combinação de clichês ou frases de efeito mal executadas. É como se os personagens tivessem uma competição secreta para ver quem consegue ser o mais bobo em situações tensas. Você tem diálogos do tipo:

- Estamos caçando dinossauros, não coelhinhos de pelúcia!
- Eles são mais rápidos que a gente, mas eu sou mais esperto. (Não são HAHAHA)

Em vez de adicionar tensão ou construir qualquer tipo de empatia com os personagens, você se pega rindo involuntariamente de como eles estão levando tudo tão a sério, mesmo quando o filme claramente não se leva.

JURASSIC HUNT é um festival de absurdos divertidos mas ele entrega o que promete: dinossauros de CGI ruins, personagens genéricos, e um bom número de cenas de ação que vão te fazer rir mais do que se assustar. Esse é um digno FILMELIXO. Pegue a pipoca, suspenda toda a sua descrença e aproveite essa montanha-russa de CGI ultrapassado e caçadores imprudentes sendo despedaçados por dinossauros animados. 

Trailer


Jurassic Hunt
Estados Unidos
2021 - 84 minutos

Direção:
Hank Braxtan

Elenco:
Courtney Loggins (Parker)
Ruben Pla (Torres)
Tarkan Dospil (Valentine)
Joston Theney (Lindon)
Dan Sinclair (Tramp)
Benjamin Watt (Sergei)
Antuone Torbert (Blackhawk)

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20 outubro 2024

Torrente - El Brazo Tonto de la Ley

 O policial mais fanfarrão da Europa (ou do mundo?)


Infelizmente existem diversos filmes que redor do mundo fazem muito sucesso, mas que não chegam nem perto de serem lançadas em terras tupiniquins. Temos que agradecer muito quando filmes independentes de fora furam a bolha sendo lançados por aqui. TORRENTE é um exemplo de extremo sucesso na Espanha e pouquíssimo foi falado por aqui. Felizmente existe a internet que pode nos apresentar infinitas pérolas perdidas nesse mundo afora. 

Já vou avisando desde já, TORRENTE é totalmente... como falam... politicamente incorreto, termo que particularmente acho imbecil. Humor é humor e se não gosta desse tipo basta não consumi-lo. Simples assim. Outro aviso para lacradores, TORRENTE é um filme, não é baseado em fatos. Último aviso, o personagem Torrente que dá nome ao filme é apenas um personagem. Repetindo, um personagem.

E já que citei o personagem, Jose Luis Torrente é o personagem principal interpretado por Santiago Segura. Torrente é muito carisma, só que ele tem diversos defeitos, entre eles:
- Alcoólatra
- Caloteiro
- Egoísta
- Grosseiro
- Homofóbico
- Imoral
- Interesseiro 
- Irresponsável
- Ladrão
- Machista
- Mentiroso
- Preconceituoso
- Sexista
- Tarado

Pode ser que tenha me esquecido de algo (enquanto eu escrevia, sempre me lembrava de algo a mais), de qualquer maneira, Torrente é divertido pra caralho!!!!! É aquele anti herói raro em filmes, talvez único, até porque não lembro de outro que tenha esse tanto de "qualidades". O público espanhol que cagou para o mimimi, fez desse personagem um sucesso e consequentemente, 5 filmes foram lançados:

Torrente - El Brazo Tonto de la Ley (1998)
Torrente 2 - Missión en Marbella (2001)
Torrente 3 - El Protector (2005)
Torrente 4 - Lethal Crisis (2011)
Torrente 5 - Operación Eurovegas (2014)

Mas eu não conheci TORRENTE inicialmente em filmes, sim no PlayStation 2. Em algum ano que não vou me lembrar, estava navegando pela internet para baixar jogos e me deparo com uma imagem de um gordinho calvo com um bigodinho de cantor dos anos 50. O jogo é mais um clone de GTA 3 com uma qualidade duvidosa. Felizmente me deparei com ele e pude conhecer essa franquia de filmes. Esse jogo também saiu para PC.


Por curiosidade, antes desse, em 2003 teve um game baseado no filme original, mesmo estilo desse 3 e tão ruim quanto. Mas a existência desse, só fui saber anos depois. Lançado apenas no PC.


Voltando ao filme, Torrente, o "policial" decadente está num bar tomando várias doses de whisky para se "preparar" para o trabalho. Por aí já vemos o nível! Ele faz patrulha na madrugada nas ruas de Madri. Durante sua ronda ele pouco se importa com os crimes que flagra, ele ainda zoa e dá risada. Sem contar que fica mexendo com as prostitutas. Torrente é também torcedor fanático do Atlético de Madrid. Lembrando que isso não é defeito, certo? O "policial" na única vez que para o carro, é para despejar seu preconceito com um negro conhecido do bairro, onde Torrente toma sua sacola com comida.


Falando em comida, Torrente almoça nos restaurantes da vizinhança e obviamente, sempre pendura, além disso, manda o garçom (claro que de um jeito "carinhoso") recolher os restos das mesa para levar para casa. Com esses restos, Torrente coloca num liquidificador para fazer uma deliciosa pasta para dar ao seu pai Felipe (Tony LeBlanc), um deficiente que seu filho obriga a pedir esmola na rua. Sim, Torrente não tem pudor nenhum.


O "policial" então conhece Rafi (Javier Camara), um nerd que conhece tudo de armas, fã de filmes de ação e trabalha com a família numa peixaria. Preciso dizer que esse primeiro encontro entre eles foi bem "amigável" da parte do Torrente? Rafi trabalha com a mãe Remedios (Chus Lampreave), sua irmã maluca Pili (Nuria Carbonel) e sua prima gostosa Amparo (Neus Asenci). Aí que vem o plot twist, Torrent fica sabendo do parentesco de Amparo com Rafi e então começa a se aproximar do nerd.

A trama vai se desenrolando até que Torrente descobre que o restaurante chinês é fachada para tráfico de drogas. Então ele usa esse caso para tentar subir na carreira da polícia. Tem outras coisas envolvidas, mas não quero dar muitos spoilers.


Enfim, Torrente sabendo que não pode enfrentar o tráfico sozinho, pede ajuda a Rafi que tem um sonho de se tornar policial mas foi reprovado devido ao seu problema de visão. Mas antes disso, como Rafi é "cabaço", o policial o leva num puteiro pois não pode ter um parceiro virgem. Mais uma situação hilária acontece! 

Com apenas dois nesse grupo para enfrentar a perigosa máfia, Torrente pergunta se Rafi não tem amigos para formar uma "super elite" da policia. E sim, Rafi tem amigos, uma mais doido (e esperto) que outro, assim finalmente eles tem como prender os mafiosos e Torrente ter seu reconhecimento. Será que eles vão conseguir?


Esse filme é levemente uma sátira de "Stallone Cobra", na Espanha o longa do Stallone recebeu o nome de "Cobra, El Brazo Fuerte de la Ley". 

Falando um pouco do Santiago Segura, ele é um cineasta, ator, roteirista e produtor espanhol, nascido em Madri, em 17 de julho de 1965. Ele é uma figura importante do cinema espanhol, amplamente conhecido por seu humor irreverente e por ter criado, claro, o icônico personagem que estamos falando aqui.

Segura começou sua carreira artística como ator, aparecendo em pequenos papéis em filmes independentes e curtas metragens. Antes de se tornar uma figura popular, ele trabalhou em vários empregos, inclusive como cartunista e vendedor de revistas em quadrinhos, enquanto buscava oportunidades no cinema. Sua grande chance veio com o curta "Perturbado" de 1993, que lhe rendeu o prêmio Goya de Melhor Curta-Metragem de Ficção e abriu portas para sua carreira de cineasta.


O verdadeiro marco na trajetória de Segura aconteceu em 1998, com o lançamento do filme dessa postagem. Além dos filmes da franquia Torrente, Santiago Segura participou de outras produções como ator, muitas vezes em papéis cômicos, mas também explorando diferentes gêneros. Ele trabalhou com renomados diretores, como Guillermo del Toro, nos filmes "El Espinazo del Diablo" de 2001 e "Hellboy" de 2004, mostrando seu talento fora do âmbito das comédias. Criou também outra franquia de sucesso, a comédia familiar, "Padre no Hay más que Uno" de 2019 que ao todo tem 4 filmes e que é inspirado no filme argentino "Mamá se Fue de Viaje"

Segura é reconhecido por sua habilidade em se conectar com o público através de um humor popular e acessível, além de ser um empresário que entende as tendências do mercado cinematográfico. Embora muitas vezes seja criticado (adivinha por quem) por seu estilo politicamente incorreto, ele continua sendo uma figura importante na cultura pop espanhola e um dos cineastas mais bem sucedidos do país.


Para interpretar o fanfarrão, Segura passa por uma preparação intensa e bastante específica para capturar a essência do personagem. Torrente é conhecido por ser fisicamente acima do peso, com o ator engordando pelo menos 20kg, com um visual descuidado e atitudes grotescas, então Segura precisa transformar completamente sua aparência e adotar uma série de hábitos e maneirismos que compõem essa figura caricata.

Primeiramente, para ganhar a aparência física do personagem, Segura admite que, durante pré produção, adota uma dieta repleta de alimentos pouco saudáveis, como fast food e frituras, para alcançar o corpo roliço característico de Torrente. Além disso, ele para de fazer exercícios físicos para deixar sua aparência mais desleixada. Tudo isso contribui para transmitir a ideia de um ex-policial que se deixou levar pelo estilo de vida sedentário e nada saudável. Veja abaixo como Santiago é fora do personagem:


Outra marca registrada do personagem é o cabelo oleoso e o bigode, que Segura faz questão de manter para dar mais autenticidade ao papel. O penteado de Torrente é propositalmente feio, com entradas acentuadas e fios desgrenhados, enquanto o bigode grosso ajuda a compor o visual retrô e fora de moda.

No aspecto comportamental, Segura se prepara estudando a linguagem corporal de Torrente: a forma de andar desengonçada, a postura relaxada e os trejeitos grosseiros. O personagem também fala de forma rude e muitas vezes com um tom de voz exagerado, que reflete sua personalidade arrogante e sem noção. Santiago Segura se dedica a incorporar essas características de modo exagerado para garantir que Torrente seja o mais caricato possível, mas ainda assim reconhecível como uma crítica aos piores aspectos de certos comportamentos.


Essa dedicação em capturar cada detalhe faz com que Jose Luis Torrente se destaque como um dos personagens mais marcantes e reconhecidos do cinema espanhol, mesmo que por sua completa falta de virtudes. Santiago Segura cria um anti-herói cômico que, apesar de todas as suas falhas, consegue ser carismático e inesquecível para o público.

Outro ator espanhol muito famoso por lá que vemos aqui é Tony Leblanc que também foi comediante, diretor e roteirista, nascido em Madri em 1922 e falecido em 2012. Teve uma carreira que se estendeu por mais de 60 anos, se tornando uma figura icônica do cinema e da televisão espanhola, especialmente conhecido por seu talento cômico e versatilidade.

Esteve em mais de 70 filmes até os anos 70 até que sua carreira sofreu um grande revés em 1983, quando ele sofreu um grave acidente de carro que o deixou com limitações físicas. Isso o afastou da vida artística por vários anos, chegando a acreditar que não poderia mais voltar a atuar. Porém, o destino o trouxe de volta ao estrelato graças ao cineasta Santiago Segura, que o convidou para interpretar o pai de Torrente. Seu retorno e rendeu a Leblanc o prêmio Goya de Melhor Ator Coadjuvante, além de revitalizar sua carreira e apresentá-lo a uma nova geração de espectadores. Um excelente retorno que nem ele esperava.


Tony Leblanc é lembrado não apenas por seu talento cômico, mas também por sua resiliência e amor pela arte. Ele deixou um legado duradouro no cinema espanhol, marcado por performances que capturavam o espírito de sua época e que continuam a ser celebradas como parte da história cultural da Espanha.

Rafi, interpretado por Javier Camara é um renomado ator espanhol, conhecido por sua versatilidade e talento em interpretar uma ampla gama de personagens no cinema, na televisão e no teatro. Nascido em 19 de janeiro de 1967, em La Rioja, Espanha, ele começou sua carreira como ator de teatro e, posteriormente, alcançou fama na televisão espanhola, especialmente com seu papel na popular série de comédia "7 Vidas".

No cinema, Javier Camara se destacou em diversos filmes dirigidos por grandes cineastas, como Pedro Almodóvar. Ele trabalhou com Almodóvar em obras icônicas como "Fale com Ela" e "Má Educação", nas quais suas performances receberam aclamação da crítica. Em "Fale com Ela", seu papel como o enfermeiro Benigno trouxe-lhe reconhecimento internacional e lhe rendeu uma indicação ao Prêmio Goya, o maior prêmio do cinema espanhol.


Além de seu trabalho com Almodóvar, Javier também se destacou em filmes como "Truman", pelo qual ganhou o Prêmio Goya de Melhor Ator e "Viver é Fácil com os Olhos Fechados", que também lhe rendeu um Goya. Javie é conhecido por sua habilidade de equilibrar papéis dramáticos e cômicos, mostrando sua capacidade de se adaptar a diferentes estilos e gêneros.

E claro, não podemos deixar de falar é claro, na Amparo, ou melhor, Neus Asensi, uma atriz nascida em Barcelona em 4 de agosto de 1965, conhecida por seu trabalho em comédias e filmes populares do cinema espanhol. Com uma carreira que abrange teatro, televisão e cinema, Asensi conquistou o público com sua versatilidade e talento para a comédia, tornando-se uma das atrizes mais reconhecidas do país.


Começou sua carreira atuando no teatro e em pequenas produções televisivas no final dos anos 80 e início dos 90. Sua popularidade começou a crescer à medida que ela conquistava papéis em séries de televisão de sucesso, o que abriu portas para sua entrada no cinema. Um dos momentos mais marcantes de sua carreira veio quando ela fez Amparo, a carismática prima de Rafi. Sua atuação conquistou o público, e ela reprisa o papel na sequência Torrente 2.

Uma curiosidade é a treta que ela começou com Segura relatando que se arrependeu de aparecer nos dois primeiros filmes da franquia onde relatou em entrevistas que ele fazia comentários e piadas desapropriadas nas filmagens de TORRENTE. Mas segura nunca respondeu ela e nunca alimentou essa discussão. De qualquer maneira, ela voltou para Torrente 5.

Finalizando, TORRENTE é divertidíssimo e altamente recomendado.

Trailer


Torrente - El Brazo Tonto de la Ley
Espanha
1998 - 98 minutos

Direção:
Santiago Segura

Elenco:
Santiago Segura (Jose Luis Torrente)
Tony Leblanc (Felipe Torrente)
Javier Camara (Rafi)
Chus Lampreave (Remedios ''Reme'' Valera)
Neus Asensi (Amparo)
Nuria Carbonel (Pili)
Manuel Manquiña (El Frances)
Luis Cuenca (Barman)
Espartaco Santoni (Mendoza)

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14 outubro 2024

Picasso Trigger

Arte + Ação = Sidaris


Essa é mais uma joia brilhante (e deliciosamente tosca) do mestre dos filmes de ação B, Andy Sidaris. É o tipo de filme que te faz perguntar: "Como um título que mistura arte com ação deu origem a uma explosão de tiros, mulheres lindas, gadgets bizarros e tramas que desafiam qualquer lógica?" E a resposta, claro, é simples: bem vindo ao mundo maravilhoso e extravagante de Andy Sidaris, onde a arte do exagero é levada a sério! 

Vamos ao filme que começa com o assassinato de um espião internacional chamado "Picasso Trigger", e logo você percebe que este filme não está nem aí para sutilezas. Depois de uma cena que envolve uma explosão de arte literalmente, uma explosão relacionada à pintura, somos apresentados ao nosso grupo de heróis, agentes secretos que, aparentemente, saíram diretamente de um catálogo de moda dos anos 80. Eles são convocados para investigar a morte de "Picasso Trigger" e, ao mesmo tempo, impedir uma série de assassinatos planejados pelo vilão Miguel Ortiz (que, aliás, tem uma barba vilanesca digna de novela mexicana).


Os nossos bravos agentes secretos são um grupo eclético, liderados por Travis Abilene (Steve Bond), que é a personificação do "herói de ação genérico dos anos 80". Ele fala pouco, atira muito e, claro, faz isso tudo sem jamais desarrumar o cabelo ou suar a camisa. Ao lado dele está um time que parece mais um desfile de moda da Victoria's Secret do que uma agência de espionagem. Mulheres belíssimas, com pouquíssima roupa, mais bem equipadas que James Bond e que disparam tiros e dizem frases de efeito com a mesma facilidade.

A trama, no entanto, é apenas um pretexto para Sidaris fazer o que ele faz de melhor: misturar tiroteios absurdos, mulheres sedutoras, cenas de explosões e gadgets que parecem ter saído de uma loja de bugigangas. Se você está esperando uma história coesa e cheia de reviravoltas inteligentes... bom, esse filme não é para você. Aqui, a narrativa é apenas o pano de fundo para cenas memoráveis que beiram o ridículo, mas de uma forma absolutamente divertida.


Vamos falar desse elenco que nada mais é que o mesmíssimo estilo a lá Sidaris:. O foco não é tanto na atuação, mas em como cada personagem consegue ser mais esteticamente deslumbrante que o outro, enquanto participa de perseguições insanas e lutas impossíveis. Ou seja, mulheres gostosas e homens sarados!

Temos Donna Hamilton (interpretada pela musa do Sidaris, Dona Speir), que atira com uma precisão cirúrgica enquanto desfila em maiôs e biquínis. Ela é a heroína durona, mas também é parte de um estranho equilíbrio entre ser uma agente mortal e uma modelo que acabou de sair de um editorial de praia. Sua parceira, Taryn Kendall (Hope Marie Carlton), completa a dupla dinâmica e igualmente estilosa. Juntas, elas enfrentam terroristas com bazucas, granadas e muita atitude, tudo isso enquanto parecem prontas para um ensaio fotográfico.


Travis Abilene, por sua vez, é aquele tipo de espião galã que parece que estava tirando uma soneca entre missões e de repente se viu envolvido em uma operação internacional. Sua habilidade com armas é invejável, e ele tem um charme tão natural quanto suas camisas abertas ao vento. Ele é o típico protagonista de ação: durão, silencioso, mas com uma inexplicável tendência a se envolver com as mulheres mais lindas da trama. 


E claro, não podemos esquecer o vilão Miguel Ortiz (Rodrigo Obregon), que tem todo o pacote do antagonista perfeito dos filmes de Sidaris: sorrisos maliciosos, um sotaque levemente exagerado e um plano de vingança complicado que, no fundo, só serve como desculpa para explodir algumas coisas e tentar matar os mocinhos de maneiras que seriam risíveis em qualquer outra franquia. 

Temos ainda uma participação especial do Dennis Alexio. Por nome não sabem quem é? Bem, ele é multi campeão de kickboxer com um impressionante cartel de 68 vitórias (63 por nocautes) e apenas 2 derrotas, uma delas para Don "The Dragon" Wilson. Não ajudou muito? Alexio foi o irmão do Van Damme no filme "Kickboxer" de 1989.


Falando um pouco das armas, essas são um caso à parte. Nada é simples. Não temos pistolas comuns ou rifles modestos. Aqui, tudo precisa ser chamativo, desde bazucas gigantescas até armas escondidas em lugares completamente improváveis (inclusive em uma prancha de surfe!). Os tiroteios são longos e cheios de dublês voando pelos ares com uma quantidade ridícula de sangue falso. Os agentes secretos parecem ter estoque ilimitado de balas e explosivos, e nenhum deles jamais se preocupa com recarregar uma arma.


Além disso, há gadgets que fariam o Q de James Bond rir de nervoso. Destaque para uma arma de pulso com lasers, que parece saída diretamente de uma loja de brinquedos dos anos 80. É tudo exagerado de uma maneira deliciosamente descompromissada.

E o que seria de um filme de Sidaris sem os cenários ensolarados e os figurinos absurdamente pequenos? O filme se passa em locais paradisíacos, com praias, mansões e iates de luxo, o que faz com que cada cena pareça uma propaganda de férias tropicais. E os personagens, é claro, estão sempre prontos para mergulhar, bronzear-se ou lutar contra terroristas, tudo enquanto exibem seus corpos esculturais em trajes de banho. 


O figurino é um espetáculo à parte: maiôs cavados, biquínis minúsculos e, claro, as clássicas jaquetas de couro que parecem ser obrigatórias em qualquer filme de espionagem dos anos 80. Não importa a situação, todos parecem estar sempre prontos para participar de um desfile de moda, mesmo que haja tiros e explosões por todos os lados.

PICASSO TRIGGER é tudo que se espera do Sidaris: ação sem limites, personagens ridiculamente atraentes, explosões gratuita, e um enredo tão complexo quando uma história infantil. É como se James Bond encontrasse "Baywatch" em uma rave dos anos 80. 


O bacana do filme ainda, é o plot twist no final, algo diferente se tratando do universo Sidaris. Se o que você quer é uma hora e meia de puro entretenimento, risadas involuntárias e cenas de ação tão exageradas que beiram o cômico, então você está no lugar certo. Andy Sidaris sabia exatamente o que estava fazendo, e PICASSO TRIGGER é um tributo à sua genialidade peculiar. E falando no Sidaris, não esqueçam de sua aparição no filme! 

Legendado por FILMELIXO!

Trailer


Picasso Trigger
Estados Unidos
1985 - 99 minutos

Direção:
Andy Sidaris

Elenco:
Steve Bond (Travis Abilene)
Dona Speir (Donna Hamilton)
Rodrigo Obregon (Miguel Ortiz)
Hope Marie Carlton (Taryn)
Harold Diamond (Jade)
John Aprea (Salazar)
Bruce Penhall (Hondo)
Cynthia Brimhall (Edy)
Dennis Alexio (Toshi Lum)

Download (versão legendada)

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03 outubro 2024

Hard Ticket to Hawaii

O segundo filme "Triple B" do Sidaris!


Se você já se perguntou como seria misturar uma novela cheia de personagens malucos com cenas de ação de um filme de espionagem, o clima ensolarado do Havaí, e uma cobra mutante radioativa, a resposta está aqui: HARD TICKET TO HAWAII. Esse épico trash de Andy Sidaris é uma verdadeira obra prima do entretenimento, um filme que transcende o conceito de roteiro lógico e entrega uma montanha russa de absurdos que vai fazer você rir, se espantar e questionar suas escolhas de filme, mas de um jeito incrivelmente divertido! 

Mas antes de começarmos, já sabem quem é o Andy Sidaris? Não? Então cliquem aqui, onde eu falo dele.

Voltando ao filme, somos apresentados a Donna e Taryn (Dona Speir e Hope Marie Carlton), agentes secretas que trabalham disfarçadas como pilotos de avião. Sim, porque aparentemente, no universo de HARD TICKET TO HAWAII, o principal disfarce de um espião é pilotar uma aeronave em uma ilha paradisíaca. O trabalho delas consiste em transportar qualquer coisa, de passageiros a, veja bem, cobras mutantes altamente perigosas que escaparam do controle! E aí está o primeiro de muitos absurdos: a história começa a girar em torno de um diamante contrabandeado e uma cobra geneticamente alterada e super perigosa que acaba à solta. Ah, e ela está infectada com uma praga mortal. Tudo normal até aqui, certo?


O problema, claro, é que o contrabando de diamantes e a cobra mortal se entrelaçam de uma maneira que só HARD TICKET TO HAWAII poderia imaginar. As duas heroínas, apesar de estarem armadas até os dentes e claramente aptas para derrotar vilões, estão, em boa parte do filme, ou em trajes de banho, ou protagonizando cenas de ação completamente sem sentido, como quando atiram em uma boneca inflável com uma bazuca. Sim, eu disse bazuca. Aliás, essa arma parece ser o recurso favorito dos personagens, não importa se o alvo é um bandido perigoso ou, de novo, uma boneca inflável voadora. Tudo merece uma explosão épica no universo de Sidaris!!


Agora, vamos falar de Rowdy Abilene (Ronn Moss), o "galã" de cabelo esvoaçante e músculos de novela. Com um nome como Rowdy, você espera que ele seja um herói de ação imbatível, mas ele é surpreendentemente incompetente na maior parte do tempo, inclusive em suas habilidades com armas de fogo. Sua pontaria? Horrível. Mas sua habilidade com nunchakus feitos de latas de cerveja? Impecável! O que não faz o menor sentido, mas Sidaris não está preocupado com sentido, apenas com diversão.

Donna e Taryn são as protagonistas femininas que, apesar de serem agentes secretas, passam mais tempo em poses sensuais do que realmente resolvendo o conflito central. Elas enfrentam os vilões de forma decidida, mas sempre com aquele toque de "estamos em um ensaio fotográfico de biquíni". E é claro que o filme as coloca em cenas completamente aleatórias, como quando Taryn enfrenta um assassino enquanto anda de patins, em uma das lutas mais sem nexo já vistas.


E temos vilões também! Afinal, é um filme do Andy Sidaris! O chefão do contrabando de diamantes é daquelas figuras genéricas, sem qualquer motivação clara além de fazer cara de mal. No entanto, ele tem capangas bem peculiares, incluindo um homem que usa um skate como arma mortal, equipado com uma metralhadora! Não vamos esquecer que, no meio disso tudo, ainda há uma cobra mutante radioativa à solta, que aparece em cenas tão aleatórias que você se pergunta se o roteirista esqueceu que ela deveria estar no filme e só a colocou lá por acaso.


As cenas de ação são o ponto alto do filme, mas não pelos motivos convencionais. Elas são tão absurdas e mal coreografadas que acabam se tornando hilárias. A cena mais famosa é, sem dúvida, quando Rowdy derruba um vilão que andava de skate com, adivinhe, uma bazuca!!! Sim, ele atira com uma bazuca em um sujeito com um skate. Melhor ainda, a sequência envolve um boneco inflável usado como distração antes do tiro final. A quantidade de explosões desnecessárias neste filme é digna de um prêmio à parte. As vezes podemos pensar que estamos vendo um filme da Troma


O filme também entrega tiroteios que desafiam qualquer senso de realidade. Ninguém, absolutamente ninguém, tem uma pontaria decente, exceto quando estão mirando em objetos inanimados ou tentando causar a maior explosão possível.

Se você achou que os vilões humanos eram bizarros, espere até ver a cobra. Por algum motivo, essa criatura geneticamente alterada e radioativa parece ser uma ameaça maior do que o cartel de drogas. Ela ataca do nada, surgindo em locais inesperados como banheiros e furgões e suas aparições são tão ridiculamente inseridas na história que você se pergunta se o Sidaris colocou essas cenas como um teste de atenção do público. Cada vez que a cobra surge, o filme atinge novos níveis de estranheza.


HARD TICKET TO HAWAII é o exemplo perfeito do que acontece quando um diretor está 100% comprometido com o exagero e 0% preocupado com lógica. Se você ama filmes que desafiam sua noção de normalidade (Velozes & Furiosos?), que fazem você rir pelas razões mais bizarras e que são tão absurdos que se tornam irresistíveis, este é o filme para você. 


A combinação de cenários tropicais, diálogos ridiculamente engraçados, cenas de ação mal coreografadas e efeitos especiais que parecem ter sido feitos no quintal de alguém torna este filme uma experiência única. É um clássico cult que, contra todas as probabilidades, ganhou um lugar no coração de fãs do cinema trash.


Prepare-se para gritar de rir, se questionar o que acabou de ver, e agradecer por ter entrado no mundo insano de HARD TICKET TO HAWAII. Não é apenas um filme, é uma aventura insana e hilária que faz cada segundo valer a pena!

Apesar de no geral os filmes do Sidaris serem "todos iguais", com uma pitada de diferença aqui e ali, particularmente achei ainda mais divertido o Malibu Express, mas é apenas questão de opinião. Lembrando que o Sidaris também aparece por aqui, mas nesse está até mais fácil de encontrar.

Legendado por FILMELIXO!

Trailer


Hard Ticket to Hawaii
Estados Unidos
95 minutos - 1987

Direção:
Andy Sidaris

Elenco:
Ronn Moss (Rowdy Abilene)
Dona Speir (Donna)
Hope Marie Carlton (Taryn)
Cynthia Brimhall (Edy)
Wolf Larson (J.J. Jackson)
Harold Diamond (Jade)

Download (versão legendada)

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27 setembro 2024

Malibu Express

Do mestre Andy Sidaris!


Malibu Express, dirigido por Andy Sidaris, é um dos clássicos do "cinema B" dos anos 80 que leva o conceito de ação exagerada a um nível completamente novo. O filme é uma mistura absurda de espionagem, corridas de carros, tiroteios, e, claro, uma boa dose de mulheres em biquínis. Se você está procurando por um filme de trama complexa e atuações dignas de Oscar, já vou avisando: você veio ao lugar errado. Agora, se o seu objetivo é se divertir com algo deliciosamente cafona e recheado de clichês, esse filme é pura diversão. 

Mas pera aí? Não conhece Andy Sidaris? Tudo bem, é a primeira vez que trago aqui. Ele foi um diretor e produtor de filmes norte-americano, famoso por seus filmes de ação de baixo orçamento, especialmente durante as décadas de 1980 e 1990. Nasceu em 20 de fevereiro de 1931, em Chicago, Illinois, falecendo em 7 de março de 2007. Sidaris começou sua carreira na televisão, onde dirigiu esportes e eventos, incluindo a cobertura das Olimpíadas e eventos da NFL. Ele chegou a ganhar um prêmio Emmy por seu trabalho como diretor de transmissões esportivas. 

No entanto, Sidaris ficou mais conhecido por seus filmes de ação, que ele próprio classificava como "Triple B" ("Bullets, Bombs and Babes" ou "Balas, Bombas e Garotas"). Esses filmes, que misturavam cenas de ação explosivas com personagens femininas gostosas e armadas, tornaram-se uma marca registrada de sua carreira no cinema. Entre os filmes mais populares de Sidaris estão "Malibu Express" (1985), "Hard Ticket to Hawaii" (1987), e "Picasso Trigger" (1988). Esses filmes geralmente eram estrelados por modelos da Playboy ou ex-misses, seguindo uma fórmula que misturava ação, espionagem, e uma boa dose de sensualidade.

Sidaris também foi pioneiro no estilo de filmagem conhecido como "honey shot", uma técnica usada durante transmissões esportivas para captar imagens de mulheres bonitas no meio da multidão, o que também influenciou seu estilo de direção nos filmes. Apesar de não ter sido aclamado pela crítica, Andy Sidaris construiu uma base de fãs fiel no gênero "cinema B", e seus filmes continuam a ser apreciados como cult pelos fãs de filmes de ação exagerada e entretenimento com mulheres bonitas. Sim, seus filmes tem muitas mulheres bonitas (e peladas!!!).


MALIBU EXPRESS faz parte do chamado "Triple B" de Sidaris (citado anteriormente), que é uma série de 12 filmes que fazem parte do mesmo universo de agentes da DEA no Havaí e futuramente com os agentes secretos da L.E.T.H.A.L. "Legion to Ensure Total Harmony and Law" (numa tradução livre seria "Legião para Garantir Harmonia Total e Lei"). Não necessariamente os filmes são continuações, até porque tem atores que chegam a fazer papeis diferentes, então nem de bola para isso. MALIBU EXPRESS é o primeiro desse "Universo Expandido de Sidaris". Chupa Marvel!

Os filmes são (em ordem de lançamento):
Savage Beach (1989)
Guns (1990)
Do or Die (1991)
Hard Hunted (1992)
Fit to Kill (1993)
Enemy Gold (1993)
The Dallas Connection (1994)
Day of the Warrior (1996)
Return to Savage Beach (1998)

Tirando o "Enemy Gold" e "The Dallas Connection" que foram dirigidos por Christian Drew Sidaris, filho de Sidaris, todos os demais foram dirigidos pelo mestre.

Vamos ao filme, o herói dessa ópera de testosterona e tiroteios é Cody Abilene (interpretado por Darby Hinton), um detetive particular cuja principal característica é ser incrivelmente charmoso, mas lamentavelmente péssimo com armas de fogo. Quando cito "péssimo", não estou exagerando. Em uma época onde heróis de filmes de ação são basicamente máquinas de matar, Cody não consegue acertar um alvo nem a curta distância. E é isso que o torna tão divertido! Ele sabe disso, mas seu charme e carisma fazem com que, de alguma forma, sempre se safe. O fato de ele viver numa luxuosa casa flutuante em Malibu só adiciona ao seu estilo de vida "cowboy da praia".


Cody é contratado para investigar uma rica e suspeita família que pode estar envolvida em um escândalo de espionagem. A trama central envolve um esquema em que segredos do governo estão sendo vendidos para os russos. Sim, os vilões da Guerra Fria, sempre prontos para aparecerem como antagonistas perfeitos em qualquer enredo dos anos 80. O problema? Quase ninguém parece ser o que realmente é, e a investigação logo se transforma em um emaranhado de situações ridículas que incluem assassinatos, perseguições e traições.

Cody é contratado por uma misteriosa figura do governo, a Condessa Luciana (Sybil Danning), que o coloca no encalço da família Chamberlain, um grupo de ricaços excêntricos. Entre os principais suspeitos estão Lady Lillian Chamberlain (Niki Dantine), a matriarca impiedosa e manipuladora, Stuart Chamberlain (Michael Andrews), um ricaço esquisitão, e Anita (Shelley Taylor Morgan), a sedutora esposa de Stuart, que parece ser a principal peça desse quebra-cabeça de intrigas.

Durante a investigação, Cody também conhece personagens bizarros, como Shane (Brett Clark), o mordomo ex presidiário, suas vizinhas Faye e May (Kimberly McArthur/
Barbara Edwards), interpretadas por ex playmates e, que estão sempre disponíveis para qualquer tipo de distração, além de claro a família Buffington, o pai P. L. (Abb Dickson), sua esposa Dooren (Busty O'Shea) e o filho maluco Bobo (Randy Rudy). O trio aparece para desafiar o herói numa corrida e sempre quando estão em tela é hilário.


Sidaris sabia que estava fazendo algo maior que a vida, então a cada cinco minutos temos uma cena que desafia a lógica, e muitos anos antes de "Velozes & Furiosos". Perseguições em carros esportivos, tiroteios com armas que parecem mais saídas de um filme de ficção científica do que de um caso de espionagem realista, e um Cody que, mesmo sem saber atirar, se mete em situações onde, claro, há armas por todos os lados.

Um dos pontos altos do filme é uma corrida de barco que acontece por entre ilhas, com Cody dirigindo sua lancha como se estivesse em um videogame de arcade. Há também as cenas de perseguições automobilísticas, onde o DeLorean de Cody brilha sob o sol da Califórnia, em pleno glamour dos anos 80. Mas o detalhe é que, mesmo com todos esses momentos “empolgantes”, há sempre um toque de humor. As cenas de luta são coreografadas de maneira tão tosca que parece que os personagens estão participando de um jogo de pega-pega.


Agora, seria impossível falar de um filme de Andy Sidaris sem mencionar o elemento que o tornou uma espécie de mestre do "cinema B": a sensualidade exagerada. O filme tem inúmeras cenas de nudez gratuita, geralmente envolvendo modelos da Playboy e estrelas de revistas masculinas, que fazem parte do elenco. As mulheres de MALIBU EXPRESS não são apenas coadjuvantes, mas quase uma parte fundamental da "trama", seja distraindo Cody com banhos de sol na piscina, ou se envolvendo em cenas de sedução dignas de um videoclipe dos anos 80.

As cenas de erotismo, no entanto, nunca são realmente explícitas ou vulgares. Elas parecem estar ali mais para sublinhar a estética exagerada do filme do que para chocar ou provocar. Sidaris sabia como usar isso a seu favor, fazendo com que esses momentos se tornassem quase satíricos, como se o filme estivesse piscando para o público a cada cena de biquíni.


É impossível assistir MALIBU EXPRESS e não ser imediatamente transportado para o auge dos anos 80. As roupas (muito neon, maiôs cavados, blusas justas e calças com cintura alta), os cabelos (todo mundo com um mullet estilizado ou cachos volumosos), e a trilha sonora sintetizada criam um clima tão icônico que você pode quase sentir o cheiro de laquê e fita cassete no ar. O filme, anda anos 80, cheira anos 80, tem aparência anos 80...


Tudo no filme é um exagero visual: das mansões luxuosas em Malibu às corridas de carros, barcos e helicópteros. E isso tudo, é claro, filmado com aquele charme amador de uma produção de baixo orçamento. O filme não tenta esconder que é uma produção barata, e Sidaris abraça essa simplicidade, elevando o charme da coisa toda.

MALIBU EXPRESS é uma explosão de exageros, desde a trama simplória e maluca, até as personagens voluptuosas e as cenas de ação inverossímeis. O filme entrega exatamente o que promete: um entretenimento despreocupado, com tiroteios sem fim, personagens caricatos, e uma boa dose de humor involuntário. Andy Sidaris sabia como misturar ação, erotismo e comédia de uma maneira que se tornou única. Se você está no clima para assistir a algo que desafia a lógica e abraça todos os clichês possíveis dos filmes de ação dos anos 80, este aqui vai te proporcionar uma sessão de risadas, surpresas e momentos absurdos que só o cinema B dessa época poderia oferecer. Ah sim, já ia me esquecendo, Sidaris faz uma pequena aparição.

Versão sem censura e legendada por FILMELIXO!

Trailer


Malibu Express
Estados Unidos
1985 - 101 minutos

Direção:
Andy Sidaris

Elenco:
Darby Hinton (Cody Abilene)
Sybil Danning (Condessa Luciana)
Niki Dantine (Lady Lillian Chamberlain)
Michael Andrews (Stuart Chamberlain)
Shelley Taylor Morgan (Anita Chamberlain)
Lorraine Michaels (Liza Chamberlain)
Brett Clark (Shane)
Kimberly McArthur (Faye)
Barbara Edwards (May)
Abb Dickson (P. L. Buffington)
Busty O'Shea (Doreen Buffington)
Randy Rudy (Bobo Buffington)

Download (versão legendada)

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