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26 dezembro 2024

Bacalhau (Bacs)

Paródia brazuca do "Tubarão" 


O filme "Tubarão (Jaws)", dirigido por Steven Spielberg em 1975, é uma obra-prima do cinema que redefiniu o conceito de "blockbuster" e do suspense. Com sua narrativa tensa, personagens marcantes e um vilão não humano inesquecível, o longa deixou uma marca profunda na cultura pop e no gênero de terror/suspense.

A trama se passa na fictícia ilha de Amity, onde um enorme tubarão branco começa a aterrorizar a costa, atacando banhistas e colocando em xeque o sossego da comunidade local. O chefe de polícia Martin Brody (Roy Scheider), o oceanógrafo Matt Hooper (Richard Dreyfuss) e o caçador de tubarões Quint (Robert Shaw) se unem para enfrentar o predador em uma caçada épica e mortal.


Uma das maiores forças de "Tubarão" é o uso da sugestão. O vilão aparece poucas vezes nas telas, mas sua presença é sentida o tempo todo, especialmente graças à trilha sonora emblemática composta por John Williams. As duas notas que compõem o tema principal se tornaram sinônimo de perigo iminente e são uma aula de como criar suspense com simplicidade.


O filme conta com personagens marcantes como Martin Brody, o chefe de polícia, um homem comum enfrentando circunstâncias extraordinárias. Sua luta contra o tubarão reflete sua batalha contra seus próprios medos e limitações.  Matt Hooper, representa a ciência e o racionalismo, oferecendo uma perspectiva técnica e cômica ao grupo.  E finalmente Quint, o velho lobo do mar é a personificação da experiência e do instinto, mas também carrega uma carga emocional pesada, especialmente em seu discurso sobre o naufrágio do USS Indianapolis, uma das cenas mais intensas do filme.  

O tubarão é mais do que um animal perigoso, ele é um símbolo do medo primordial e do desconhecido. É imprevisível, implacável e incontrolável, personificando o caos da natureza diante do homem.

O filme conta ainda com críticas como a ganância política onde o O prefeito de Amity insiste em manter as praias abertas para preservar a economia local, mesmo sabendo do perigo, mostrando como o lucro é colocado acima da segurança.  Ainda o conflito homem versus natureza, onde o tubarão representa a força bruta da natureza, enquanto os humanos tentam controlá-la com sua tecnologia e organização, frequentemente falhando.  

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O diretor Steven Spielberg utiliza ângulos baixos e closes para criar uma sensação de vulnerabilidade. O uso do "ponto de vista do tubarão" (a câmera submersa acompanhando as vítimas) é brilhante e agoniante. A trilha sonora de John Williams transforma sons simples em pura tensão, elevando as cenas de suspense a um nível quase insuportável.  

"Tubarão" foi o primeiro filme a ser amplamente distribuído em cinemas e a investir pesado em marketing, inaugurando a era do blockbuster de verão. Após o lançamento, muitas pessoas desenvolveram medo de nadar no mar, tamanha a eficácia do filme em instigar o terror psicológico.  

Deixou de legado a inspiração para inúmeros filmes de terror com animais, mas nenhum conseguiu capturar o equilíbrio perfeito entre suspense, drama e ação como "Tubarão".

Esse não é apenas um filme de terror; é uma obra-prima de narrativa visual e emocional. Explora o medo humano em seu estado mais puro, enquanto constrói uma história cheia de camadas e personagens cativantes. É um clássico atemporal que continua a inspirar cineastas e aterrorizar plateias até hoje. Dito isso...

O filme BACALHAU (BACS), lançado em 1976 e dirigido por Adriano Stuart, é uma das pérolas do cinema brasileiro que mistura sátira, deboche e um tom escrachado característico da pornochanchada. A obra não é apenas uma comédia, mas uma crônica ácida e cômica sobre o Brasil da época, repleta de caricaturas e exageros. Adivinha em que filme foi inspirado?


A história gira em torno de uma fictícia invasão estrangeira no litoral brasileiro, mais precisamente na pacata cidade de Guarujá. Os invasores? Suecos fanáticos por bacalhau! A trama se desenrola com a população local reagindo de maneiras absurdas a essa ameaça culinária-militar, culminando em uma série de situações hilárias e grotescas que são um verdadeiro reflexo da paranoia e do humor peculiar da época.

O filme brinca com o patriotismo brasileiro, que na década de 1970 estava em alta, muito impulsionado pelo regime militar. O "perigo estrangeiro" é uma invasão de suecos, o que por si só já soa ridículo. Eles não estão interessados em riquezas, mas em dominar o mercado de bacalhau no Brasil. Uma crítica velada (ou escancarada?) ao capitalismo e à globalização emergente.


BACALHAU conta com inúmeros personagens caricatos como uma femme fatale que comanda os invasores com sensualidade e sotaque falso, representando uma mistura de perigo e desejo. O prefeito corrupto, típico retrato do político brasileiro (que vale até hoje), preocupado mais em manter seu status do que em proteger a população.  Temos ainda um pescador atrapalhado que se vê no centro da confusão e acaba liderando a resistência com ideias mirabolantes.  

Prepare-se para cenas bizarras, como suecos vestidos de viking fugindo de ataques de sardinhas voadoras, e um momento épico onde o herói monta uma jangada armada com panelas para enfrentar um navio invasor. Tudo embalado por diálogos repletos de trocadilhos e duplo sentido.


 Apesar de toda a palhaçada, BACALHAU é um espelho da sociedade brasileira, com suas contradições, medos e costumes. Há piadas sobre corrupção, desigualdade social e a influência estrangeira, tudo isso embalado em um pacote cômico que mistura sensualidade e caos.

O filme é um lembrete de que o cinema pode ser divertido e provocativo ao mesmo tempo, sem se levar a sério. Ele transporta o espectador para um universo onde qualquer coisa pode acontecer, e onde até mesmo um peixe pode ser motivo de guerra. É perfeito para quem aprecia o humor nonsense e quer entender mais sobre a cultura e o cinema brasileiro dos anos 70.


Vamos falar um pouco do Adriano Stuart que foi ator, diretor, produtor e roteirista brasileiro, com uma carreira prolífica que marcou o cinema nacional, especialmente durante as décadas de 1970 e 1980. Nascido em 11 de fevereiro de 1944, em São Paulo, ele se destacou por sua versatilidade e por seu papel tanto na frente quanto atrás das câmeras. Sua trajetória artística foi essencial para consolidar gêneros populares no Brasil, como a pornochanchada e as comédias de costumes, além de suas incursões em dramas e produções televisivas.


Stuart começou sua carreira como ator, participando de filmes que capturavam o espírito irreverente e a crítica social do cinema brasileiro da época. Ele era conhecido por sua presença marcante e habilidade em interpretar tanto personagens cômicos quanto sérios. Sua atuação era muitas vezes permeada por um humor que transitava entre o escrachado e o satírico. Alguns dos filmes em que atuou refletem o contexto cultural e político do Brasil nos anos 70, abordando temas como censura, desigualdade e costumes populares, sempre com um toque de ironia.  


Como diretor, tornou-se uma figura ainda mais relevante ao dirigir filmes que hoje são considerados clássicos da cultura pop brasileira. Ele se especializou em capturar o humor popular, muitas vezes utilizando-se da estética da pornochanchada, um gênero que misturava comédia e sensualidade, adaptado à realidade brasileira.  

Embora Stuart seja mais associado à pornochanchada, seu trabalho vai além do rótulo. Ele ajudou a consolidar um cinema popular brasileiro que, apesar de muitas vezes marginalizado pela crítica da época, conquistou o público e hoje é visto como um retrato importante da sociedade brasileira daquele período.


Ele também contribuiu para a televisão, expandindo seu alcance e ajudando a levar seu talento a um público ainda maior. Seu estilo descontraído e cheio de personalidade marcou uma geração de espectadores e cineastas.

Faleceu em 15 de abril de 2012, mas seu legado continua vivo como um dos grandes representantes do cinema nacional, especialmente por sua contribuição à valorização de uma estética que dialogava diretamente com o público popular, sem perder o caráter reflexivo.


Stuart também atuou em BACALHAU sendo o personagem Matos. E falando no elenco, temos Maurício do Valle, Hélio Souto, Marlene França, Helena Ramos, Matilde Mastrangi e o Canarinho.

Se você está com fome de risadas e quer um prato cheio de absurdos, BACALHAU é a recomendação!

Trailer (não tem)

Bacalhau (Bacs)
Brasil
1976 - 95 minutos

Direção:
Adriano Stuart

Elenco:
Maurício do Valle (Quico)
Hélio Souto (Breda)
Marlene França (Suzete)
Helena Ramos (Ana)
Dionísio Azevedo (Petrônio)
Adriano Stuart (Matos)
Canarinho (Salim)
Neusa Borges (Carmem)
Matilde Mastrangi (Lucélia)


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