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21 março 2023

Mayhem - Lords of Chaos

 A história da banda Mayhem


Confesso que conheci a banda a pouco tempo e de uma forma bem aleatória, estava navegando pela internet e num link perdido do site tinha uma chamada do cancelamento de sua apresentação em Porto Alegre. Cliquei para ver o que era e a banda foi acusada de nazismo. Inclusive colocaram esse cartaz no Opinião que é a casa noturna onde iriam se apresentar:

Não dê bola para o assassinato do português

Fui pesquisar e vi que a banda é bem bizarra, ou pelo menos era no inicio de carreira, queima de igrejas, suicídio, assassinato, um bagulho bem doentio.

Sobre esse cancelamento, a banda soltou uma nota oficial:

O Mayhem é uma entidade não política com milhares de fãs ao redor do mundo, com todos os tipos de experiência e todos os tipos de crenças, ideias e preferências, e todo fã do Mayhem é tratado com o mesmo respeito. Nem a banda nem nenhum de seus membros apoiam o racismo, a homofobia ou qualquer outro "crime de ódio". Embora relatos contrários a isso tenham circulado no passado a respeito de membros individuais da banda, isto é algo distante no passado e nunca foi considerado como nenhuma forma de posição oficial para a banda. Cada pessoa nesse mundo vive e tem que responder por seus atos, ações e ideias e serão julgados de acordo; qualquer forma de julgamento baseada na vivência de uma pessoa, na sua cor de pele, preferência sexual ou qualquer coisa que eles não possam ter o controle a respeito é um ato de fraqueza e será rejeitado pela banda.

Qualquer fã de Mayhem é bem-vindo nos shows, independente de suas vivências, crenças ou orientação, desde que eles não perturbem os outros. O Mayhem acredita em maximizar seu potencial e libertar sua mente de pensamentos e ideias opressivas. Qualquer um ou qualquer coisa que diminua você é seu verdadeiro inimigo. Conceitos mundanos e questões sociais estão abaixo da liberdade da mente.

Jan Axel & Mayhem

Enfim, o passado da banda a condena e sou da opinião que escutem quem quiser, simples assim e caso tenham cometido crimes, que paguem. E é isso que iremos falar agora. Inspirado por grupos como Venom, Slayer, Bathory e Celtic Frost, o Mayhem foi fundado em 1984 pelo guitarrista Euronymous (Oystein Aarseth), o baixista Necrobutcher (Jorn Stubberud) e o baterista Kjetil Manheim. A banda gravou sua primeira demo, "Pure Fucking Armageddon", apresentando Euronymous e Necrobutcher.

Em 1986, a banda se tornou um quarteto com Billy Messiah entrando nos vocais, mas acabou cantando apenas em um show no Ski em abril de 1986, e deixou a banda no final daquele ano. Com a chegada do Maniac (Sven Erik Kristiansen) em 1987, a banda gravou seu primeiro EP, intitulado "Deathcrush", que foi lançado pelo selo Posercorpse Music; Messiah permaneceu no EP como convidado, apresentando duas músicas.

"Deathcrush" foi inicialmente impresso com apenas 1000 cópias, que venderam rapidamente. O EP foi relançado em 1993 pelo novo selo de Euronymous, Deathlike Silence Productions. Em 1988, Maniac foi demitido do Mayhem devido ao vício em drogas, Manheim saiu para encontrar um emprego regular e a banda ficou reduzida a dois membros. Para substituí-los temporariamente, Kittil Kittilsen entrou como vocal e Torben Grue na bateria, mas eles logo partiram.

Após duas breves mudanças, os vocais e a bateria foram preenchidos por Dead (Per Yngve Ohlin) e Hellhammer (Jan Axel Blomberg), respectivamente. Dead mora em Estocolmo e é o vocalista da banda Morbid, mas sabendo que Mayhem estava procurando um novo vocalista, ele se mudou para Oslo e enviou um envelope com fitas cassete, um rato podre e uma carta dizendo que está procurando uma nova banda. porque não acho que o Morbid vá a lugar nenhum. O envelope chamou a atenção dos integrantes da banda, que prontamente o aceitaram.

Dead (esq.) e Euronymous

Depois que Dead assumiu como vocalista, as apresentações ao vivo da banda se tornaram lendárias. No início de sua carreira, ele era conhecido por usar "pintura de cadáver", uma aparência em preto e branco que o fazia parecer um cadáver. De acordo com Necrobutcher, "não tinha nada a ver com a maquiagem de Kiss ou Alice Cooper. Dead queria parecer um homem morto. Ele não queria que parecesse legal". Hellhammer afirmou que Dead "foi o primeiro para usar pintura corporal de músico de black metal. Para completar seu visual, Dead enterraria suas roupas e as usaria no palco na noite do show.

Durante as apresentações, Dead frequentemente se cortava com facas e cacos de vidro quebrado, além disso, a banda costumava empalar cabeças de porcos e ovelhas com pontas na frente do palco. No início de 1990, a banda fez um show em Sarpsborg, Noruega com Equinox e Cadaver no festival Support for Slayer Magazine, e Dead teve que ser imediatamente hospitalizado após cortar profundamente e sangrar profusamente. O show foi posteriormente incluído no álbum "Dawn of the Black Hearts".

No mesmo ano, os membros da banda se mudaram para uma velha casa na floresta perto de Oslo, onde começaram a escrever canções para seu novo álbum "De Mysteriis Dom Sathanas". O baixista Necrobutcher disse que depois de viverem juntos por um tempo, Dead e Euronymous "realmente se estressaram um com o outro" e "não eram realmente amigos na época". Hellhammer lembra que em um ponto Dead foi dormir na floresta porque Euronymous estava tocando música de sintetizador que Dead odiava. Euronymous então sai de casa e começa a atirar com a espingarda para o alto. 


Em 8 de abril de 1991, Dead suicidou-se na casa da banda. Euronymous o encontrou com os pulsos e a garganta cortados e com um tiro de espingarda na cabeça. Em sua nota de suicídio, ele se desculpou pelo derramamento de sangue e pelo tiro dentro de casa, em vez de chamar a polícia, Euronymous foi até uma loja próxima e comprou uma câmera para tirar fotos do corpo depois de arrumar algumas coisas. Uma das fotos foi usada posteriormente na capa do álbum Dawn of the Black Hearts. De acordo com Stian "Occultus" Johannsen, que substituiu brevemente Dead na banda:

Dead não se via como um ser humano, se via como uma criatura de outro mundo. Ele disse que tinha muitas visões que o seu sangue estava congelado em suas veias, que ele estava morto. Essa é a razão do seu nome. Ele sabia que iria morrer.

Necrobutcher recorda-se de como Euronymous contou a ele sobre o suicídio:

Øystein me chamou no dia seguinte... e disse: "Dead fez algo realmente legal! Ele se matou". 
Eu pensei, "você perdeu o juízo? Como assim fez algo legal?". 
Ele disse: "Relaxa, eu tirei fotos de tudo". Eu estava em choque e aflito. 
Ele estava somente pensando em como explorar isto. 
Então eu disse a ele: "OK. Nunca mais me chame antes de destruir estas fotos".

Euronymous usou o suicídio de Dead para criar uma imagem "maligna" para o Mayhem, alegando que Dead se matou porque o black metal havia se tornado muito "na moda" e comercializado. Na época, havia rumores de que Euronymous havia cozido um pote de fragmentos cerebrais do falecido e feito colares com fragmentos de seu crânio. A banda mais tarde negou o primeiro boato, mas depois confirmou o segundo. Além disso, Euronymous afirma que deu esses colares a músicos que considerava valiosos, o que é corroborado por vários membros da cena black metal norueguesa, como Bard "Faust" Eithun e Metalion. Posteriormente, Necrobutcher deixou a banda.


Além da morte de Dead, Mayhem foi tema de algumas páginas controversas na história do black metal e do rock. Antes de mais nada, o Mayhem é a banda mais importante do Inner Circle, um movimento anticristão formado por membros de várias bandas norueguesas de black metal, com o objetivo de espalhar e disseminar o ódio e a antipatia ao cristianismo na tentativa de até mesmo tirar o cristianismo do Noruega. No entanto, essa atitude não estava presente apenas no nível intelectual: durante esse período, várias igrejas na Noruega foram incendiadas por membros do movimento, incluindo algumas igrejas históricas, resultando na queima ou destruição de mais de 50 igrejas por membros do Inner Circle. 

Com o suicídio de Dead e a saída do Necrobutcher, o Mayhem está reduzido a dois membros. O vocalista e o baixista Occultus se juntaram à banda, fazendo vários shows como um trio por um tempo. No entanto, sua permanência na banda durou pouco. Ele saiu depois de receber ameaças de morte de Euronymous. Em julho de 1993, a banda lançou o álbum ao vivo "Live in Leipzig" em homenagem a Dead, que acabou se tornando um dos principais álbuns da cena black metal.


Euronymous chamou Varg Vikernes no baixo, Snorre "Blackthorn" Ruch (Thorns) na segunda guitarra e o húngaro Attila Csihar (Tormentor) nos vocais, e assim começou a gravação de "De Mysteriis Dom Sathanas". Devido à pouca exposição na mídia e vigilância policial, Euronymous acabou fechando sua loja de discos Helvete. A maior parte do álbum foi gravada no Grieg Hall em Bergen durante a primeira metade de 1993. Para coincidir com o lançamento do álbum, Euronymous e Varg planejaram explodir a Catedral de Nidaros, a qual aparece na capa do CD, mas o plano acabou não dando certo.


No meio do ano, surgia uma tensão e um desentendimento entre Varg e Euronymous envolvendo questões contratuais e do Inner Circle, o que resultou no assassinato de Euronymous por Varg em 10 de Agosto de 1993. No dia em questão, Varg e Snorre Ruch viajaram 518 km de Bergen até o apartamento de Euronymous em Oslo. Após uma discusão entre os dois, Varg esfaqueou Euronymous o matando. Seu corpo foi encontrado fora do apartamento com 23 ferimentos de facadas. Varg alegau que Euronymous tencionava sequestrá-lo, torturá-lo até a morte e gravar em uma fita de vídeo, usando um encontro sobre um contrato de gravações como pretexto. 


Na noite do assassinato, Varg diz que entregou o contrato nas mãos de Euronymous e "disse para ele se foder", mas que Euronymous atacou-o primeiro. Varg diz que a maioria dos ferimentos foram causados por cacos de vidro quebrados que caíram durante o confronto. Ele foi preso alguns dias depois e em alguns meses foi sentenciado a 21 anos de prisão tanto pelo homicídio quanto pelos incêndios a igrejas. Ele foi liberado em 2009. Ruch, que esperava por Varg no térreo do prédio e não teve nenhum envolvimento com o crime, acabou sendo condenado por cumplicidade no assassinato e ficou 8 anos preso. Com a volta de Attila Csihar para a Hungria para terminar seu curso de engenharia, restou apenas Hellhammer como membro oficial, ocasionando o fim da banda.

Em Maio de 1994, "De Mysteriis Dom Sathanas" foi lançado e formalmente dedicado a Euronymous. Seu lançamento foi adiado devido a queixas por parte dos pais de Euronymous, que se opuseram a presença das linhas de baixo gravadas por Varg Vikernes. De acordo com Varg, Hellhammer assegurou aos pais de Euronymous que ele mesmo iria regravar os baixos. Aparentemente Hellhammer não fez isso, então o álbum contém os baixos originais de Varg Vikernes.


O filme conta até essa parte, na verdade um pouco antes do lançamento do álbum citado. É bem bizarro o que os integrantes da banda fizeram, isso é fato. LORDS OF CHAOS é baseado no livro de mesmo nome, escrito pelos jornalistas Didrik Soderlind e Michael Moynihan. O filme foi dirigido pelo sueco Jonas Akerlund que é um famoso diretor de videoclipes, onde ganhou diversos prêmios na música. Ele também dirigiu entre outros, ''Polar'' com Mads Mikkelsen.

No papel do Euronymous temos Rory Culkin. Reparou no sobrenome? Sim, é o irmão caçula e menos famoso de Macaulay Culkin. Alias, tem partes do filme onde os mais desavisados vão achar que é o próprio Macaulay de tamanha semelhança entre eles. No elenco temos também Emory Cohen e Jack Kilmer. Para completar, temos Sky Ferreira como interesse amoroso do Euronymous.

Trailer


Mayhem - Lords of Chaos
Estados Unidos/Reino Unido/Suécia
2018 - 118 minutos

Direção:
Jonas Akerlund

Elenco:
Rory Culkin (Euronymous)
Emory Cohen (Kristian "Varg" Vikernes)
Jack Kilmer (Pelle "Dead" Ohlin)
Anthony De La Torre (Jan Axel "Hellhammer" Blomberg)
Valter Skarsgard (Bard Guldvik "Faust" Eithun)
Sky Ferreira (Ann-Marit)

30 novembro 2018

Possum

Intrigante filme britânico



POSSUM é uma grata surpresa que foi lançada em 2018 mas que infelizmente é pouco conhecido, mas me arrisco a escrever que virou cult e criou uma pequena legião de fãs. De qualquer maneira, já aviso que este é um tipo de filme que não te explica o que rola, aqui não temos as coisas mastigadas com começo, meio e fim. A esmagadora maioria de POSSUM é interpretativa, sim, é você que terá que tirar suas conclusões. Além disso, muitos vão torcer o nariz por ser um filme lento e ficarão cansados já nos primeiros minutos.


O filme é a estreia de Matthew Holness na direção, para quem não conhece, ele é um ator e comediante inglês. Também escrever o roteiro, ou seja, muitos vão pensar, que maconha estragada o Holness está usando kkkkk Pois é, POSSUM é um terror psicológico bem doido, que vai prender a atenção daqueles que não se importarem das características que citei do mesmo. O filme é baseado num conto escrito por Holness para o livro ''The New Uncanny: Tales of Unease''. No conto, o personagem principal era incapaz de se comunicar verbalmente e o fazia com um fantoche horripilante. Hollness que é fã de terror mudo dos anos 20 e 30, tem com POSSUM a intenção de criar um filme de terror ''mudo'' moderno. Curioso, não ? O filme não é mudo, mas tem o mínimo de diálogos possível.


Aqui temos a história de Phillip (Sean Harris), que retorna a sua casa de infância após ficar órfão devido a um incêndio. Ele é uma pessoa cabisbaixa, melancólica, pessimista, todo desajustado, enfim é um coitado que deve ter sofrido bullying na escola o tempo todo. Phillip possui uma maleta que parece ser o único ''amigo'' que tem, tamanho cuidado que tem com ela. Realmente ficamos curiosos em saber o que diabos tem dentro. Phillip é daqueles que não incomodam ninguém, não fede e não cheira.

Na casa, também mora seu padrasto Maurice (Alun Armstrong) que é tão bizarro quanto seu enteado, mas de uma forma ao contrário, é um ser desagradável e parece sentir prazer em maltratar Phillip. Voltando ao protagonista, o coitado tem uma certa obsessão (ou seria um trauma) por uma criatura chamada Possum (hummm então é daí que saiu o nome do filme), que é uma espécie de aranha mas um tanto, digamos, mais bizarra que o normal. Na verdade o que ele quer mesmo é se livrar dessas visões e maluquices que tem com a (ou o) Possum. Phillip fez tudo que pode para exterminar essa praga mas a porcaria acaba sempre voltando.


Na trama, temos também o desaparecimento de crianças que estudam numa escola próxima. Dá a entender que Phillip é o responsável, mas será que seria capaz disso ? Visto que temos o personagem visualizando a escola e como olha para as crianças, é bem possível que seja. Mas temos também o seu padrasto para parece que manipula todos para ir contra Phillip.

Sean Harris tem uma atuação magnifica nesse filme, caso tenha visto ''MI: Nação Secreta'' e ''MI: Efeito Fallout'', ele foi o vilão Solomon Lane, totalmente diferente do personagem daqui. Inclusive em POSSUM, é difícil sugerir uma idade para Phillip, tanto visualmente, quanto a sua atitude, infantil até, em certos momentos. O diretor Holness numa entrevista, declarou que trabalhou com Phillip e não com Harris, tamanha dedicação do ator no personagem.


Alun Armstrong não fica atrás na atuação, inclusive Maurice é aqueles personagens que torcemos para morrer de tão FDP que é. Armstrong é muito conhecido na Europa, com atuações desde a decada de 70. É muito versatil, atuando no cinema, seriado e teatro. Dois filmes famosos em que atuou são, ''Van Helsing'' de 2004, com o Wolverine Hugh Jackman e ''Eragon'' de 2006.

A fotografia do filme é mais um show a parte, o filme ajuda e muito em deixa-lo angustiante, melancólico, triste...  POSSUM parece nos remeter de volta aos anos 80, a cidade quase que desértica, com poucas cores, Phillip na maior parte do tempo está sozinho, parece até ''Eu Sou a Lenda'' (tudo bem nem tanto). Uma curiosidade de bastidores é que Harris e Armstrong só interagiam nas cenas em que atuavam juntos, a intenção era criar um ar de separação e tensão quando se juntassem.


Mas filme de terror sem uma boa trilha e efeitos sonoros não é filme de terror ! POSSUM não faz feio, tendo sido criada pelo estúdio The Radiophonic Workshop, que faz parte do canal BBC. As musicas se encaixam perfeitamente no filme, e claro, também ajudando na melancolia do personagem. O trabalho foi tão elogiado que foi lançado um CD e um vinil. 

De uma chance a POSSUM, ele com certeza vai se encaixar no 8 ou 80, ou ame ou odeie. Para finalizar, o longa participou do festival de cinema Brooklyn Horror Film Festival, vencendo 3 premios, melhor ator, ator coadjuvante e melhor fotografia para Kit Fraser. 

Trailer


POSSUM
Reino Unido
2018 - 85 minutos

Direção:
Matthew Holness 

Elenco:
Sean Harris (Phillip)
Alun Armstrong (Maurice)

Download (versão legendada)