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24 setembro 2024

Midori: The Camellia Girl

A versão live action do bizarro manga/anime


Esse filme é uma adaptação live action do perturbador mangá "Mr. Arashi’s Amazing Freak Show" de Suehiro Maruo, que por si só já é uma verdadeira montanha russa de emoções, com cenas que transitam entre o grotesco e o surreal. Se você acha que está preparado para mergulhar nesse universo bizarro, deixe-me avisar: nada pode te preparar para essa viagem. Este é um filme que mistura horror, drama, surrealismo, e uma dose generosa de desconforto. Mas, de alguma forma, tudo isso se encaixa em um espetáculo visual estranho e fascinante, que pode te deixar com o estômago embrulhado, mas ao mesmo tempo vidrado na tela.

O filme segue a história da jovem Midori (Risa Nakamura), uma órfã que, após perder a mãe (Miyuki Torii), acaba sendo forçada a entrar em um circo itinerante de aberrações. E quando eu digo aberrações, não estou falando de artistas excêntricos ou mágicos bizarros, este circo é como se seus piores personagens em pesadelos se tornassem realidade.


Midori é uma menina extremamente frágil, que é constantemente abusada e torturada pelos outros membros do circo, uma galeria de figuras grotescas que parece ter sido desenhada diretamente de uma mente no limite entre o surreal e o horror. Temos homens deformados, mulheres com corpos distorcidos, e uma série de bizarrices que te faz questionar se você realmente queria estar assistindo a isso mas, ao mesmo tempo, você não consegue parar.

As coisas tomam um rumo ainda mais estranho quando aparece o mágico Masamitsu (Shunsuke Kazama). Este cara é uma espécie de salvador para Midori, mas também carrega um ar de mistério e perigo, tornando a relação entre eles desconfortavelmente ambígua. Você não sabe se ele é realmente a pessoa que vai ajudar Midori a escapar do seu destino trágico, ou se ele é apenas mais uma figura perturbadora neste mundo doentio.


Se há uma coisa que a diretora Torico (sim, esse é o nome da diretora que infelizmente tem poucas informações sobre ela) acerta em cheio, é a atmosfera do longa, o filme é um banquete visual perturbador, com uma estética que lembra um pesadelo bisonho. Tudo é exageradamente grotesco e estilizado, desde o cenário decadente do circo até as roupas sujas e esfarrapadas dos personagens. Há uma mistura de cores vibrantes e sombras profundas que cria uma sensação de desconforto constante, como se você estivesse preso dentro de um quadro surrealista que nunca faz sentido.

Cada cena parece ter sido desenhada para te deixar desconfortável, e os efeitos práticos são tão bizarros que você se pega questionando como alguém pensou em fazer aquilo e, mais importante, por que? Mas, para aqueles que amam o cinema bizarro e provocador, isso é como uma carta de amor ao estilo grotesco e absurdo.


A direção de arte é uma das estrelas do show. Os cenários são ao mesmo tempo mágicos e sujos, como se você estivesse assistindo a um teatro de marionetes macabro, onde cada objeto e detalhe parece ter uma história trágica ou perturbadora. Mesmo que o filme te deixe desconcertado, não dá para negar o quanto ele é visualmente impressionante.

Os personagens de MIDORI: THE CAMELLIA GIRL são uma verdadeira galeria de horrores. E é exatamente por isso que eles são tão fascinantes. Cada um deles parece ter saído de um conto de fadas distorcido, onde o final feliz foi substituído por tragédias e deformidades. Foram muito bem adaptados para esse live action, algo que não seria fácil.


Midori é a personificação da inocência perdida. Você vê sua jornada através de um mundo sombrio e decadente, e é impossível não sentir empatia por ela ou pelo menos, uma vontade desesperada de que algo, qualquer coisa, dê certo para ela. Mas, ao mesmo tempo, sua passividade e sofrimento constante fazem com que o filme seja quase uma experiência masoquista, tanto para ela quanto para o público.

O mágico Masamitsu, por outro lado, é uma figura complexa. Ele é carismático, mas ao mesmo tempo envolto em um véu de ambiguidade moral. Você nunca sabe se ele está realmente tentando ajudar Midori ou se ele tem seus próprios motivos egoístas e doentios. Ele é o típico personagem que te deixa com um pé atrás o tempo todo, mas você não consegue desviar o olhar.



E, claro, os outros membros do circo são uma mistura bizarra de horrores ambulantes. Cada um tem sua própria deformidade física ou psicológica, e suas interações com Midori são, na maior parte do tempo, terrivelmente cruéis. Mas, no fundo, você sente que todos eles são vítimas de suas próprias tragédias pessoais, presos nesse ciclo de dor e degradação.

Se você não tem estômago para o bizarro e o grotesco, este filme não é para você. Há uma sensação de horror físico que permeia cada cena, com deformidades e mutilações sendo expostas de maneira crua e sem qualquer filtro. E não é só o físico que é perturbador o horror psicológico também é intenso. Midori é constantemente submetida a abusos, tanto emocionais quanto físicos, e assistir a isso é um exercício de resistência. Mas claro, quem vem aqui no FILMELIXO está procurando essas bizarrices!!!


É como se o filme estivesse sempre te desafiando a continuar assistindo, mesmo quando tudo em você diz para parar. A violência gráfica é impactante, mas o verdadeiro horror está na maneira como as pessoas são tratadas como objetos e como o sofrimento parece ser uma constante em suas vidas.

Há também um elemento surrealista que se mistura com o grotesco, criando um universo dos sonhos onde as regras da realidade não se aplicam completamente. Em um momento, você está assistindo a uma cena relativamente normal (dentro dos parâmetros bizarros do filme), e no seguinte, algo completamente absurdo e sem sentido acontece. Isso só aumenta a sensação de desconforto e inquietação.

Embora o filme seja visceral e aparentemente gratuito em seu choque, ele toca em temas mais profundos, como o abuso, a exploração e a perda da inocência. Mas, é claro, ele faz isso de uma maneira que pode ser facilmente interpretada como pura exploração sensacionalista. O sofrimento de Midori é retratado de forma tão extrema que você pode se perguntar se o filme está apenas tentando chocar ou se há realmente uma crítica social sendo feita.


De qualquer forma, é uma experiência que te força a confrontar a feiura da condição humana, seja através da exploração das deformidades físicas ou da crueldade emocional. É um filme que provoca reações fortes seja nojo, desconforto ou fascinação e é isso que o torna memorável, ainda que perturbador.

Mesmo com tudo isso, essa versão achei menos "pesada" que o anime. Alias, se querem conhecer clique aqui e tirem suas conclusões. MIDORI: THE CAMELLIA GIRL é um filme para poucos, mas para todos que gostam de bizarrices.

Legendado por FILMELIXO.

Site oficial (o ar até o momento da postagem):

Trailer


Midori: The Camellia Girl
Japão
2016 - 89 minutos

Direção:
Torico

Elenco:
Risa Nakamura (Midori)
Shunsuke Kazama (Wanda Masamitsu)
Takeru (Kanabun)
Daichi Saeki (Muchisute)
Motoki Fukami (Akaza)
Akihiro Nakatani (Jiro)
Miyuki Torii (Mãe de Midori)

Download (versão legendada)

23 setembro 2024

Dr. Strange

O primeiro filme da Marvel!


Bem, eu pesquisei e esse é o primeiro filme baseado em um personagem da Marvel, já que a série "The Amazing SpiderMan" é de 1979. Se eu estiver errado eu corrijo. De qualquer maneira, esqueçam essa Marvel "nutella", aqui é Marvel raiz!!!!!

Esse filme é o equivalente cinematográfico de uma feijoada requentada: parece que foi feito com o que sobrou dos anos 70, misturado com uma boa dose de coragem, e servido com um sorriso no rosto como se fosse uma obra-prima. É o tipo de coisa que te faz pensar: "Quem, em sã consciência, achou que isso era uma boa ideia?" Mas, ao mesmo tempo, você não consegue desviar o olhar. Como um acidente de trem místico cheio de fumaça colorida e penteados que desafiam a gravidade.


A começar pela capa, o que vem a cabeça? Sério, eu não quero influenciar ninguém, mas não parece uma capa de algum filme adulto barato? Não que eu tenha mente suja (só um pouco), só que isso que me vem na cabeça. Você pensou em filme adulto? Seu mente poluída, como pode pensar algo assim? Na verdade eu pensei que era algum filme sobre carnaval. É isso. Mas chega de enrolar.


Dr. Stephen Strange, interpretado por Peter Hooten, que, diga-se de passagem, tem o visual perfeito para ser um figurante de filme dos anos 80 do Ron Jeremy. O homem parece um cruzamento entre o Tarzan e um terapeuta da moda, com uma cabeleira que grita: "Eu sou um galã da televisão dos anos 70 e estou pronto para salvar o mundo... ou pelo menos uma pista de discoteca." Ele não tem a arrogância sofisticada e o sarcasmo mordaz que Benedict Cumberbatch trouxe ao personagem, mas o que falta em atuação ele compensa em bigode e calças boca de sino.

"O enredo" (ente muitas aspas), começa com uma jovem possuída por demônios correndo por Nova York como se tivesse tomado uma overdose de LSD. Isso nos leva a conhecer o Mago Supremo da Terra, Thomas Lindmer (porque "Ancião" é muito mainstream), um senhorzinho de barba branca e carisma zero que parece o Papai Noel em período sabático. Ele precisa de um novo aprendiz, e quem melhor para o trabalho do que... um psiquiatra? Claro, faz todo o sentido. Se você está lutando contra forças cósmicas do mal, definitivamente precisa de alguém que saiba ouvir os seus problemas.


E então, entra Morgan Le Fay, a vilã interpretada por Jessica Walter, que faz de tudo para ser maléfica, mas acaba sendo um dos pontos altos da diversão involuntária com uma atuação digna de novela mexicana reprisada no SBT. Com seu vestido esvoaçante e olhos dramáticos, ela parece mais pronta para uma competição de "Miss Bruxa do Ano" do que para dominar o universo. Sua missão? Matar o Mago Supremo, ou fazer algo terrível... honestamente, o plano dela é tão estranho quanto as roupas do "Dr. Estranho".

E os "(d)efeitos especiais", ou podemos chamar, "uma explosão de luzinhas psicodélicas". Não tem como não amar as cenas de magia, que consistem basicamente em uns flashes de luz vermelha e azul, seguidos de uma atuação dramática onde todos agem como se estivessem vendo o infinito, quando na verdade estão olhando para nada. Quando Strange entra no plano astral, é como se tivéssemos sido transportados para dentro de uma lâmpada de lava gigante com fumaça saindo de todos os cantos. É uma viagem que faria até o próprio Dr. Strange questionar o que tinha naquele incenso.


Mas uma das melhores partes são os figurinos, Dr. Strange se transforma no mago que todos esperávamos... e sua capa parece algo que foi comprado numa liquidação pós-Carnaval. É brilhante, é exagerada, é praticamente uma cortina de veludo reciclada de algum teatro. E, claro, não podemos esquecer a insígnia no peito que mais parece o símbolo de uma sociedade secreta de astrólogos amadores.


As batalhas místicas merecem uma menção especial. Se você gosta de ação emocionante e bem coreografada... estamos no filme errado! As batalhas aqui parecem brigas de escola onde ninguém quer realmente machucar o outro. Tudo é resolvido com gestos de mãos e expressões faciais exageradas, como se todos tivessem feito uma aula intensiva de mímica antes das filmagens. O confronto final? Um duelo de olhar fixo e poses dramáticas que faria qualquer diretor de "Malhação" morrer de inveja.


No fim das contas, o filme é uma viagem acidental para uma época em que "super-herói" e "televisão" ainda estavam se conhecendo, como dois adolescentes tímidos no primeiro encontro. O filme tem tudo o que você esperaria de uma produção de super-herói dos anos 70: enredos absurdos, atuações teatrais, efeitos especiais que fariam um foguete de festa junina parecer uma revolução tecnológica e um herói que mais parece o vizinho simpático que conserta o encanamento. DR. STRANGE serviria como um piloto de uma série que infelizmente foi cancelada.

Este filme é o feitiço certo para uma tarde de nostalgia e gargalhadas!

Trailer


Dr. Strange (1978)
Estados Unidos
1978 - 93 minutos

Direção:
Philip DeGuere

Elenco:
Peter Hooten (Dr. Stephen Strange)
Clyde Kusatsu (Wong)
Jessica Walter (Mongan LeFay)
Anne Marie Martin (Clea Lake)
Phillip Sterling (Dr. Frank Taylor)

Download (versão legendada)