Google+

25 maio 2025

Benny's Video

Obra prima perturbadora


BENNY'S VIDEO segue a vida de Benny (Arno Frisch), um adolescente de 14 anos que vive em um lar que não lhe falta nada, no sentido financeiro, mas é emocionalmente distante, depressivo. Ele passa a maior parte do tempo em seu quarto, assistindo e gravando vídeos, desenvolvendo uma obsessão por imagens que retratam a violência. A trama se intensifica quando Benny convida uma garota chamada Madchen (Ingrid Stassner), para sua casa. Após uma série de interações estranhas e desconfortáveis, ele comete um ato de violência chocante: a assassina com um tiro. O filme então explora as consequências desse ato e a reação apática de sua família e da sociedade. Antes de continuar, para quem não conhece o FILMELIXO, de vez em quando eu coloco algum filme bom, longe de ser filme trash e que não são tão conhecidos. Segue o jogo...

Benny é um protagonista bem complexo. Ele representa um jovem que é simultaneamente vítima e criminoso. Sua obsessão por vídeos violentos sugere uma desconexão da realidade e uma falta de empatia. Típico psicopata. O ato brutal que comete não é apenas um reflexo de sua personalidade perturbada, mas também um resultado do ambiente em que foi criado. Sua relação com a tecnologia é central para sua identidade; ele vê o mundo através da lente da câmera, o que o distancia da experiência humana real. Mesmo jovem é bem esperto e inteligente, mas a usando para cometer suas atrocidades.


Já a garota, é apresentada como uma jovem vulnerável e tímida, que se torna a vítima do comportamento perturbador de Benny. Sua inocência contrasta com a frieza de Benny, tornando seu destino ainda mais trágico. A interação entre os dois personagens revela a dificuldade em estabelecer conexões genuínas em um mundo dominado pela superficialidade.

Os pais de Benny são figuras importantes na narrativa, representando a apatia da sociedade contemporânea. O pai (Ulrich Muhe) é um empresário ocupado que parece mais interessado em seu trabalho do que na vida emocional do filho. A mãe (Angela Winkler) é igualmente distante, tratando os problemas familiares com uma indiferença que beira o absurdo. Essa dinâmica familiar contribui para o isolamento emocional de Benny e destaca a crítica social presente no filme.

A direção de Michael Haneke é meticulosa e provocativa. Ele utiliza longos planos estáticos e uma abordagem minimalista para criar uma atmosfera de desconforto. A ausência de trilha sonora durante muitas cenas intensifica a sensação de realismo e permite que o espectador sinta o peso das ações dos personagens sem distrações emocionais.

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Pausa para a dica de armazenamento, está precisando de espaço na nuvem?
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

A cinematografia é marcada por uma paleta de cores frias e composições cuidadosamente planejadas. Haneke frequentemente utiliza closes para capturar as expressões faciais dos personagens, revelando suas emoções contidas e a tensão subjacente nas interações. A escolha de ângulos e iluminação contribui para criar um ambiente claustrofóbico que reflete o estado mental de Benny.


Um dos temas mais inquietantes do filme (e que o deixou famoso) é a sua relação entre violência e mídia. A obsessão de Benny por vídeos violentos sugere uma normalização da brutalidade na sociedade contemporânea. Haneke questiona até que ponto as imagens podem influenciar o comportamento humano e como a exposição constante à violência pode dessensibilizar os indivíduos.

A apatia dos pais de Benny serve como um microcosmo da indiferença social mais ampla. O filme sugere que a desconexão emocional não se limita apenas à família, mas permeia toda a sociedade, levando à desumanização das relações interpessoais. Essa crítica se torna ainda mais evidente quando os pais reagem ao crime cometido por seu filho com uma frieza alarmante. Agora pergunto, o garoto seria normal se tivesse carinho dos pais, ou independente disso, ele se tornaria uma pessoa fria e violenta?


BENNY'S VIDEO foi bem recebido pela crítica e é frequentemente elogiado por sua abordagem ousada e provocativa da violência juvenil. O filme foi indicado ao Oscar na categoria Melhor Filme Estrangeiro em 1993, solidificando sua posição como uma obra significativa no cinema europeu. No entanto, sua natureza desafiadora pode afastar alguns espectadores, que podem achar difícil lidar com os temas sombrios apresentados.

É uma obra prima provocativa que desafia o espectador a confrontar questões complexas sobre violência, apatia e desconexão emocional na era moderna. Através da narrativa perturbadora de Benny, Michael Haneke oferece uma crítica incisiva à forma como a sociedade lida com a violência e as relações humanas. Com sua direção meticulosa e estética fria, o filme permanece relevante e impactante, convidando à reflexão sobre as consequências das ações humanas em um mundo saturado por imagens violentas.

Se você que está lendo está resenha e curte filmes mais depressivos, violentos, realistas e que faça refletir, recomendo conhecer mais as obras do diretor Michael Haneke, e já aproveitando, vou falar mais dele. É um renomado diretor e roteirista austríaco, nascido na Alemanha, em 23 de março de 1942. No geral seus filmes tem as características já citadas, além de ser, provocador e muitas vezes perturbador, que explora as falhas e os problemas da sociedade moderna, frequentemente levantando questões sociais e morais incômodas.


Haneke não foge de retratar a violência, a frieza e a disfuncionalidade das relações humanas de forma direta e, por vezes, desconcertante. Ele evita o sentimentalismo e a romantização. Seus filmes frequentemente desafiam as convenções narrativas e as expectativas do público, forçando o espectador a confrontar temas difíceis e a questionar suas próprias percepções. Se querem final feliz, sugiro assistir filmes da Disney. Particularmente, por eu gostar também de filmes depressivos, com final perturbador e depressivo, gosto bastante de suas obras. Fazendo um paralelo, por isso achei o jogo "The Last of Us 2", foda pra caralho!!!!! Foda-se o mimimi dos sensíveis!!! Voltando, muitas vezes tece críticas contundentes à burguesia, à alienação, à violência midiática e à falta de empatia na sociedade contemporânea.

Seus filmes são caracterizados por planos longos, poucos cortes, diálogos concisos e uma trilha sonora que incomoda causando desconforto, o que contribui para a sensação de frieza e observação distante. Alias, quando tem trilha sonora, pois as vezes o silêncio incomoda também.


O diretor raramente oferece respostas fáceis, deixando muitas vezes as motivações e as consequências de seus personagens em aberto para a interpretação do público, com isso seus filmes causam bastante discussões em fóruns pelo mundo.

Ao longo de sua carreira, Michael Haneke dirigiu diversos filmes aclamados pela crítica e que receberam inúmeros prêmios internacionais. Alguns de seus trabalhos mais notáveis incluem:

"O Sétimo Continente (The Seventh Continent)" (1989): Um retrato frio e angustiante da decisão de uma família de classe média de abandonar suas vidas. Inspirado num fato que Haneke leu numa matéria de um jornal. 

"Violência Gratuita (Funny Games)" (1997 e 2007 - refilmagem americana): Um filme perturbador sobre dois jovens que aterrorizam uma família em sua casa de férias, questionando a representação da violência no cinema. A refilmagem americana também foi dirigido e roteirizado por Haneke, contando com Tim Roth e Naomi Watts.

"A Professora de Piano (La Pianiste)" (2001): Um drama psicológico intenso sobre a repressão sexual e a autodestruição de uma professora de piano que começa uma relação sadomasoquista com seu aluno.

"Caché" (2005): Um suspense psicológico que explora a culpa colonial e o passado reprimido através de fitas de vídeo anônimas enviadas a um casal. Haneke recebeu o prêmio de Melhor Diretor no Festival de Cannes por este filme.

"A Fita Branca (The White Ribbon)" (2009): Uma alegoria sobre as raízes do totalitarismo ambientada em uma aldeia alemã antes da Primeira Guerra Mundial. Este filme conquistou a Palma de Ouro no Festival de Cannes.

"Amor (Amour)" (2012): Um drama tocante e realista sobre um casal de idosos lidando com as dificuldades da velhice e da doença. O filme recebeu a Palma de Ouro em Cannes, o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e diversos outros prêmios. É seu filme mais bem avaliado no Rotten Tomatoes (94) e no Metacritic (93)

"Happy End" (2017): Um retrato cáustico de uma família burguesa disfuncional em Calais, na França, abordando temas como a crise de refugiados e a alienação.


Haneke é considerado um dos cineastas mais importantes e influentes da atualidade. Sua obra, apesar de muitas vezes controversa e desconfortável, é admirada por sua inteligência, rigor formal e pela profundidade com que explora a condição humana e os males da sociedade contemporânea. 

Em resumo, Michael Haneke é um cineasta que não busca agradar, mas sim provocar a reflexão e o debate através de filmes que confrontam o espectador com a realidade muitas vezes sombria e complexa do mundo em que vivemos.

Para finalizar, falando um pouco dos atores, Arno Frisch fez mais alguns filmes mas longe da repercussão que foi BENNY'S VIDEO, que aliás, foi seu primeiro. Angela Winkler é uma famosa atriz alemã, está em "Suspiria" de 2018, uma especie de remake do filme de mesmo nome do Dario Argento de 1977. E Ulrich Muhe, premiado ator alemão que também trabalhou no "Funny Games". Faleceu em 2007.

Fico por aqui, lembrando mais uma vez que BENNY'S VIDEO não tem nada de FILMELIXO, está aqui devido as "cotas" de alguns filmes bons que posto. Quer outro filme top que postei? Clique aqui.

Trailer


Benny's Video
Áustria
1992 - 110 minutos

Direção:
Michael Haneke

Elenco:
Arno Frisch (Benny)
Angela Winkler (Anna)
Ulrish Muhe (Georg)
Ingrid Stassner (Madchen)
Stephanie Brehme (Eva)
Stefan Polasek (Ricci)

Download (versão legendada)

Do básico ao avançado Adobe Premiere

VEJA TAMBÉM

17 maio 2025

Taeter City

A cidade dos canibais!


Você vai precisar preparar seu estômago (quem acompanha o FILMELIXO já deve estar calejado), porque TAETER CITY não está aqui pra te agradar, está aqui para "esmagar os miolos" com motosserra, ironia e um senso estético que parece ter sido parido por um cruzamento incestuoso entre "Mad Max", "Evil Dead" e um clipe underground qualquer de metal industrial.

Dirigido por Giulio De Santi, essa pérola podre do cinema trash italiano é o equivalente cinematográfico a uma rave cyberpunk dentro de um matadouro, só que o gado somos nós, a humanidade decadente. A trama gira em torno de uma cidade distópica onde o governo usa ondas de rádio para detectar tendências criminosas antes que o crime aconteça. Lembrou de algo? "Minority Report" é você?  O castigo? Ser moído e processado em carne para alimentar a população. Sim, você leu certo: "fast-food de bandidos". Por isso que o filme tem o subtitulo de "City of Cannibals".


Vou explicar novamente de uma forma mais suave, TAETER CITY se passa em um futuro distópico onde a violência é não apenas comum, mas celebrada. O governo, em um esforço para controlar a criminalidade, transforma execuções públicas em um espetáculo de entretenimento. Os cidadãos são incentivados a assistir a essas execuções ao vivo, e a cultura do "taeter" se espalha como uma forma de entretenimento popular. O filme começa com uma introdução que estabelece esse cenário sombrio, mostrando como a sociedade se deteriorou. 


E se isso já não fosse uma premissa absurda o suficiente, a execução do filme é um espetáculo grotesco de efeitos práticos, exagero estilístico e atuações que fazem novelas mexicanas parecerem Shakespeare. Os personagens são caricaturas ambulantes: agentes cibernéticos com voz robótica, vilões que mais parecem saídos de um show da GWAR, e um narrador que cospe exposição como se estivesse apresentando um comercial de energético feito por um serial killer.

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Pausa para a dica de armazenamento, está precisando de espaço na nuvem?
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Mas calma, tem mais: a trilha sonora é uma paulada sonora de synths industriais, que gritam no seu ouvido como se você estivesse numa boate infestada de demônios em um porão de Berlim. É brega? Sim. Funciona? É obvio que sim!


Visualmente, o filme é um caos proposital: saturações neon, filtros digitais agressivos, câmeras tremidas e um uso desenfreado de CGI que parece ter sido feito por um adolescente furioso com o mundo. Mas ao invés de ser um defeito, isso vira identidade. É como assistir um jogo de videogame lançado em 1999 por um estúdio do leste europeu... enquanto você está em um surto psicótico causado por drogas pesadas.


E não dá pra ignorar o humor, se é que dá pra chamar de humor. Aqui se tem um sarcasmo cruel, daqueles que cutucam a ferida até sangrar e depois riam disso. O narrador, por exemplo, parece uma versão insana de um apresentador de telejornal distópico que cheirou uma linha de cinismo antes de entrar no ar. Ele é parte stand-up sociopata, parte tutorial de massacre patrocinado pelo governo.

O sistema da cidade é uma paródia escancarada da vigilância extrema: drones, escaneamento mental, punição imediata, e nenhuma chance de redenção. Você piscou com raiva? Já era: tá virando nugget de carne humana na linha de produção. É como se Orwell tivesse escrito "1984" depois de ser expulso de uma rave cyberpunk por excesso de violência.


E tem algo de profundamente europeu no DNA do filme. Não só pelo sotaque carregado dos atores ou pela estética pós-apocalíptica suja, mas por uma sensação de desesperança cultural, de crítica ao consumo, à indústria alimentar e principalmente ao Estado opressor, tudo com um molho de vísceras e barulho eletrônico.

A direção ficou a cargo de Giulio de Santi um nome sagrado nos becos escuros do cinema extremo europeu. Diretor, roteirista, editor, e muitas vezes também o cara que segura a câmera enquanto tudo explode em sangue, ele é o cérebro por trás da Necrostorm, produtora italiana especializada em filmes trash ultraviolentos, grotescos e insanos. Sim, isso foi um elogio.


De Santi não faz cinema para o público médio. Ele faz filmes como se estivesse criando um jogo de tortura para os sentidos, misturando influências do cyberpunk, do terror corporal, do gore anos 80 e do anime distorcido, tudo isso com um senso estético que parece ter saído de um pesadelo tecno fetichista.

Seus filmes não pedem desculpas. Eles não têm filtro, censura ou limites de bom gosto. Eles desafiam o espectador e muitas vezes o ofendem, com um desfile de violência gratuita, mutações bizarras, órgãos expostos e diálogos que soam como se tivessem sido traduzidos do italiano para o inglês por um alienígena com déficit de atenção. E, curiosamente, é aí que está a genialidade de De Santi: ele sabe exatamente o que está fazendo. Seu "trash" não é por acidente, é uma escolha estética consciente, quase uma forma de protesto contra o cinema estéril e domesticado.


Outros de seus filmes são: "Hotel Inferno" de 2013, um dos primeiros filmes de terror "em primeira pessoa". Sim, antes de "Hardcore Henry" que é de 2016. Em "Hotel Inferno", você  é o protagonista em uma missão infernal num hotel amaldiçoado.  Eu disse "você", pois lembre-se, o filme é em primeira pessoa. "Adam Chaplin" de 2011, aqui é um festival de porrada e sangue, misturando mangá, filme de ação, horror e um protagonista que parece o Kenshiro do "Hokuto no Ken" com problemas psiquiátricos sérios.

Giulio de Santi é um "visionário do caos". Ele não quer apenas chocar, quer arrancar seu cérebro do crânio e espremê-lo até você rir, chorar ou vomitar. Em um mundo onde o cinema está cada vez mais pasteurizado, ele se mantém como um punk solitário cuspindo sangue na cara do espectador. Seus filmes não são pra todo mundo. Mas quem entra nesse mundo e aceita a bizarrice... raramente sai ileso.


Voltando, TAETER CITY não tem pudor, nem vergonha, nem limites, e é exatamente por isso que é delicioso. É cinema feito com intestino, por quem não tem medo de abraçar o absurdo e mergulhar de cabeça na insanidade audiovisual. É para estômagos fortes, mentes sujas e corações que batem mais forte ao som de carne sendo triturada ao vivo. Um autentico FILMELIXO!

Se você gosta de filmes como Tokyo Gore Police, Full Metal Yakuza ou o bom e velho Toxic Avenger, esse aqui é sua próxima dose de podridão cinematográfica. Se você prefere algo mais "refinado", volte pro seu drama francês e deixe os canibais em paz. Aqui não é o seu lugar

Trailer


Taeter City
Itália
2012 - 73 minutos

Direção:
Giulio de Santi

Elenco:
Monica Muñoz (Razor)
Santiago Ortaez (Shock)
Wilmar Zimosa (Wank)
Giulio de Santi (Trevor Covalsky)
Enrique Sorres (Mutante)
Riccardo Valentini (Caronte)
Sabriel Munoz (El Marrano)
Saveriq Gittari (Bostor)

Download (versão legendada)

Do básico ao avançado Adobe Premiere

VEJA TAMBÉM

28 abril 2025

8213: Gacy House (Paranormal Entity 2: Gacy House)

O espírito de Gacy assombra!


Antes de falarmos no filme, preciso comentar sobre John Wayne Gacy, que foi um dos mais notórios assassinos em série dos Estados Unidos. Nascido em 17 de março de 1942, em Chicago, Illinois, ele ficou conhecido como o "Palhaço Assassino" devido ao fato de se vestir como palhaço para eventos comunitários e festas infantis. Apesar de sua aparência amigável, Gacy escondeu uma das histórias mais perturbadoras da criminologia moderna.

Entre 1972 e 1978, esse filho da puta foi responsável pelo assassinato de pelo menos 33 jovens, a maioria meninos e jovens do sexo masculino, com idades entre 14 e 21 anos. Ele atraía as vítimas para sua casa, muitas vezes com promessas de emprego ou festas, e as submetia a violência sexual antes de matá-las. Muitos dos corpos foram enterrados no espaço rasteiro sob sua casa, enquanto outros foram descartados em rios próximos.


Antes de seus crimes serem descobertos, Gacy era um cidadão respeitável. Gerenciava uma empresa de construção e participava ativamente de eventos comunitários. Sua persona pública como "Pogo, o Palhaço" contribuiu para a dificuldade inicial das autoridades em suspeitarem dele.

Esse merda foi preso em dezembro de 1978, após investigações ligarem seu desaparecimento ao de uma vítima. Durante o interrogatório, as evidências começaram a se acumular, levando à descoberta dos corpos em sua propriedade. Ele foi condenado em 1980 por 33 acusações de assassinato e sentenciado à morte.

Esse lixo foi executado por injeção letal em 10 de maio de 1994, no Centro Correcional de Stateville, em Illinois. Durante sua prisão, ele também ficou conhecido por pintar quadros, muitos dos quais retratavam palhaços. O caso de Gacy continua sendo objeto de estudo, documentários e obras de ficção. É frequentemente citado como um exemplo de como aparências podem enganar, sendo um dos assassinos mais infames da história criminal americana.

Em 2024, o ator Jack Merryl, que trabalhou em "The O.C.", "Hannah Montana", "Numb3rs", entre outras séries, revelou que em 1978, então com 19 anos, pegou carona com Gacy após saírem de uma boate e acordou em sua casa algemado. Merryl também estava com uma engenhoca no pescoço que caso lutasse para fugir, iria se sufocar. Ele foi então abusado por Gacy. Por algum motivo, o serial killer não o matou e ainda o deixou no local onde se encontraram. O ator decidiu não contar para polícia e apenas o fez para as pessoas mais intimas. Segundo ele, trabalhar na arte o ajudou a superar o trauma.

Dito isso tudo, vamos finalmente falar do filme, que já posso começar que é distribuído pela The Asylum, quem é conhecedor do FILMELIXO e de pérolas de baixo orçamento já conhece a ótima fama que eles tem. Um obra melhor que a outra e GACY HOUSE é mais uma delas!

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Pausa para a dica de armazenamento, está precisando de espaço na nuvem?
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

8213: GACY HOUSE (PARANORMAL ENTITY 2: GACY HOUSE), bem, tem um nome "poderoso" e obviamente não vou citá-lo novamente inteiro, começa com uma introdução que estabelece o cenário sombrio da casa onde John Wayne Gacy cometeu seus crimes hediondos. A narrativa se desenrola em um formato de "found footage", muito popular na época, que imita a estética de documentários e programas de investigação paranormal. O filme é apresentado como se fosse uma gravação real feita por um grupo de investigadores que busca capturar evidências do sobrenatural.


O grupo de investigadores é composto por um líder carismático, um cético, uma sensitiva e um cameraman. Eles entram na casa com a intenção de documentar atividades paranormais e, claro, tentar entrar em contato com o espírito de Gacy. A atmosfera é tensa desde o início, mas rapidamente se transforma em algo mais cômico do que aterrorizante, algo absolutamente normal nos filmes da The Asylum.

Os personagens são um dos pontos altos do filme. Cada um traz uma personalidade exagerada que contribui para o humor involuntário.

Temos o líder destemido, sendo aquele tipo de personagem que adora ser o centro das atenções. Ele fala com confiança sobre suas habilidades de investigação, mas suas ações muitas vezes contradizem suas palavras. Em um momento, ele tenta "comunicar-se" com Gacy usando uma tábua Ouija, mas acaba fazendo piadas sobre como os espíritos devem estar ocupados.

Tem uma espécie de "Márcia Sensitiva", é a clássica personagem que "sente" a presença dos espíritos. Ela faz declarações dramáticas sobre as energias ao seu redor, mas suas reações são tão exageradas que acabam sendo bisonhas de tão engraçadas. Em uma cena, ela grita ao sentir uma "presença" e acaba derrubando toda a mesa, o que resulta em risadas em vez de sustos.

E o cético, personagem que questiona tudo e todos. Ele está sempre tentando desmascarar as "falsas evidências" e acaba se tornando o alvo das piadas do grupo. Sua constante negação das atividades paranormais gera momentos hilários, especialmente quando ele se assusta com barulhos inexplicáveis.


Se você está esperando por cenas sangrentas ou gore, prepare-se para a decepção! GACY HOUSE não é sobre sangue e vísceras; é mais sobre sustos baratos e fenômenos sobrenaturais. As "cenas assustadoras" envolvem barulhos estranhos, luzes piscando e sombras passageiras, nada muito gráfico. Pode dar um susto ou outro quando não causar gargalhadas.

E claro que temos o fantasma do palhaço assassino, onde numa cena particularmente engraçada, o espírito de Gacy aparece para os investigadores. Em vez de ser aterrorizante, ele faz comentários sarcásticos sobre sua vida como palhaço, algo como "Eu costumava fazer as crianças rirem antes de... bem, vocês sabem". Essa abordagem leve torna a cena mais cômica do que assustadora.


A produção é claramente de baixo orçamento, mas isso só adiciona ao charme do filme. As locações são limitadas à casa e seus arredores, criando um ambiente claustrofóbico. A casa não tem muitos detalhes decorativos; parece mais um cenário improvisado para um filme escolar. Os ambientes são escuros e sombrios, mas a iluminação precária acaba fazendo com que as sombras pareçam mais engraçadas do que assustadoras.

Os efeitos especiais são quase inexistentes; qualquer "fenômeno paranormal" é sugerido através de cortes rápidos e ruídos estrondosos. Por exemplo, quando uma porta se fecha sozinha, a edição rápida faz parecer mais um truque de mágica mal feito do que um evento sobrenatural.


O humor involuntário permeia todo o filme. As situações absurdas e os diálogos malucos criam momentos hilários que fazem você rir em meio ao caos sobrenatural. Em uma sequência, enquanto tentam capturar fenômenos paranormais com suas câmeras, eles acabam filmando mais suas próprias reações exageradas do que qualquer coisa sobrenatural. Um dos personagens grita ao ver uma sombra, mas a sombra acaba sendo apenas seu próprio reflexo!

Uma das partes mais absurdas do filme é quando eles tentam atrair o espírito trazendo uma "camisa branca" pertencente a uma das vítimas. Sim, isso realmente acontece! A ideia é tão absurda que você não consegue deixar de rir enquanto eles discutem sobre qual camiseta seria mais atraente para o espírito.


GACY HOUSE é uma experiência cinematográfica única que mistura terror com comédia involuntária, ou melhor, comédia involuntária com comédia voluntária. Se você está procurando um filme sério sobre assombração ou os horrores da vida real, este não é o lugar. Mas se você quer rir das situações absurdas enquanto tenta entender como alguém decidiu fazer um filme sobre um assassino em série com essa premissa bizarra, então prepare-se para uma noite divertida!

Foi dirigido por Anthony Fankhauser que também é produtor e roteirista, conhecido por seu trabalho em filmes de baixo orçamento, muitas vezes nos gêneros de terror e ficção científica. Nascido nos Estados Unidos, Fankhauser construiu uma carreira prolífica, dirigindo e produzindo um grande número de filmes, muitos dos quais ganharam notoriedade no mercado de filmes "B" e entre os fãs de filmes de monstros e desastres. Como diretor, alguns de seus trabalhos incluem: "2012: Supernova" de 2009 e "Jurassic Attack" também conhecido como "Rise of the Dinosaurs" de 2013.


Além de dirigir, Fankhauser também atuou como produtor e produtor executivo em muitos outros filmes e séries de televisão, incluindo: "Lavalantula" de 2015 e sua sequência "2 Lava 2 Lantula!" de 2016; "Toxic Shark" (2017), além de vários filmes para televisão e telefilmes de comédia romântica e de Natal. Trabalhou como produtor executivo na série de televisão "Creepshow".

Seus filmes frequentemente apresentam premissas exageradas, efeitos visuais modestos devido aos orçamentos limitados e que, apesar das limitações de orçamento, Fankhauser conseguiu manter uma carreira ativa na indústria cinematográfica, entregando um fluxo constante de filmes para um público específico interessado nesse tipo de entretenimento.

GACY HOUSE é perfeito para quem gosta de filmes ruins, aqueles que são tão ruins que acabam se tornando bons, ou seja, digno FILMELIXO. Prepare-se para se divertir enquanto acompanha esse grupo maluco em sua busca pelo fantasma do palhaço assassino! É uma verdadeira festa para os amantes do cinema cult!

Legendado por FILMELIXO!

Trailer


8213: Gacy House (Paranormal Entity 2: Gacy House)
Estados Unidos
2010 - 90 minutos

Direção:
Anthony Fankhauser

Elenco:
Matthew Temple (Robbie Williams)
Michael Gaglio (Dr. James Franklin)
Brett A. Newton (Gary Gold)
Diana Terranova (Janina Peslo)
Sylvia Panacione (Tessa Escobar)

Download (versão legendada)

Do básico ao avançado Adobe Premiere

VEJA TAMBÉM

20 abril 2025

Geisha Assassin

Gueixa, espadas e muito sangue!


Lançado em 2008 e dirigido por Gô Ohara, GEISHA ASSASSIN é uma verdadeira joia do cinema de ação japonês que combina elementos de artes marciais com a estética das gueixas. Prepare-se para uma aventura repleta de lutas épicas, reviravoltas absurdas e um toque de humor involuntário!

A história gira em torno de Kotono (Minami Tsukui), uma geisha que, após testemunhar o assassinato de seu pai por um samurai, decide que é hora de pegar sua katana e partir para a vingança. O que se segue é uma sequência interminável de batalhas contra uma variedade de inimigos, incluindo samurais, ninjas e até mesmo um monge! A trama é tão simples que você pode resumir em uma frase: "Uma geisha com sede de vingança enfrenta uma fila de vilões em duelos insanos". E se você acha que isso já é louco o suficiente, espere que eu mal comecei!


O filme é praticamente um desfile de lutas coreografadas que parecem ter sido tiradas diretamente de um jogo de videogame. Cada batalha é mais exagerada que a anterior, com Kotono desferindo golpes como se estivesse em um torneio de kung fu. A produção pode ser considerada de baixo orçamento, mas a energia e a paixão dos realizadores são palpáveis. As sequências são tão frenéticas que você pode acabar rindo involuntariamente ao ver Kotono derrotar adversários com movimentos acrobáticos dignos de super-heróis.

Os vilões são uma coleção divertida de estereótipos: temos o samurai implacável, os ninjas sorrateiros (que aparecem apenas nos primeiros 20 minutos, mas fazem uma entrada triunfal), e até uma mulher indígena com arco e flecha. Cada personagem traz sua própria dose de absurdidade para a tela. E claro, Kotono não é apenas uma geisha; ela é uma guerreira com habilidades extraordinárias! Quem diria que as gueixas poderiam ser tão letais?


Um dos grandes mistérios do filme é de onde sai tanta gente pra lutar com a Kotono. Ela dá três passos e PUM! Aparecem dois ninjas que estavam claramente escondidos atrás de uma planta. Anda mais um pouco e PLOC! Surge um samurai que brota do teto como se fosse item bônus de videogame. Esses figurantes seguem a lógica do teatro kabuki com orçamento da feira da madrugada. Muitos entram, fazem pose dramática, soltam um grito que parece ensaio de karaokê desafinado e morrem em seguida, muitas vezes com um corte no ar que nem encosta neles. É quase um balé do constrangimento.

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Pausa para a dica de armazenamento, está precisando de espaço na nuvem?
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

A música de fundo alterna entre "tema épico de guerra" e "tecno-japonês feito num Nokia tijolão". Em alguns momentos, parece que a trilha foi colocada no improviso com um pendrive aleatório vendido em alguma sinaleira cheio de músicas royalty-free com nomes tipo "asia_beat_v3_FINAL.mp3". O contraste sonoro é tão aleatório que você espera uma cena de luta sangrenta e entra uma flautinha doce, ou então uma sequência emocional acompanhada por um breakbeat digno de rave em Osaka.

Embora GEISHA ASSASSIN não seja uma comédia (pelo menos eu acho), há momentos hilários que surgem da seriedade com que as cenas são tratadas. As expressões faciais exageradas dos personagens durante as lutas e os diálogos dramáticos criam um contraste cômico. É como se o filme estivesse ciente da sua própria ludicrous idade (falei bonito agora) e decidisse abraçá-la.


É o tipo de filme que faz você repensar seu tempo livre… e continuar assistindo, porque é divertidamente ruim. Ele mistura cultura japonesa com violência estilizada e um roteiro mais raso que banho de gato. Mas é aí que mora o charme! Se você gosta de ver geishas metendo a porrada com elegância, sangue falso em quantidade de filme de zumbi, e atuações que variam entre “robô” e “telenovela samurai”, então essa obra-prima é pra você. 

Visualmente, o filme tem um charme peculiar. A cinematografia apresenta cores vibrantes e iluminação estilizada que dão vida às cenas de luta. Apesar do orçamento limitado, a direção criativa faz com que cada batalha pareça grandiosa. E quem não amaria ver uma geisha lutando em trajes tradicionais enquanto desfere golpes mortais? 


O cara por trás de, é tipo aquele amigo doido que mistura energético com saquê e ainda sai fazendo malabarismo com katanas no meio da balada. Diretor, coreógrafo de ação e, acima de tudo, um verdadeiro apaixonado por lutas insanas, sangue em spray e personagens que falam como se estivessem sempre no palco de um teatro samurai. Takashi Miike é você? Não!!!! É Go Ohara!!!


Ele começou sua carreira como coordenador de cenas de ação, e isso faz todo sentido. Ele claramente manja de porrada coreografada e mesmo que o roteiro esteja mais furado que armadura de figurante, as lutas nos filmes dele têm aquele "quê" de anime live action, misturando estilo, exagero e efeitos sonoros que parecem saídos de um fliperama dos anos 90.


Além desse, ele também dirigiu outras obras igualmente caóticas e maravilhosas, tipo: 
"Gothic & Lolita Psycho" de 2010, onde uma garota vestida de lolita decepa membros com uma serra elétrica com o mesmo entusiasmo que você corta bolo no aniversário e "Blood: The Last Vampire" de 2000 (na versão live action) ele trabalhou na equipe de ação, deixando sua marquinha de insanidade nas cenas de combate.

Ele tem um talento único pra transformar qualquer briga em um espetáculo teatral com gosto de sentai, onde cada vilão parece ter uma entrada triunfal e morre de forma épica, mesmo quando apareceu por 15 segundos. Os filmes de Go Ohara são um cruzamento entre anime shonen, jogo beat 'em up, e teatro kabuki pós-apocalíptico. Ele bebe da fonte de diretores como Takashi Miike, mas tira um pouco do absurdo nojento e coloca mais estilo e agilidade nas cenas, que é seu toque pessoal.


Ou seja: se você quer profundidade dramática, vai procurar Kurosawa. Mas se você quer ver uma lolita ensanguentada dar voadora em um monge demoníaco, Go Ohara é seu diretor. É tipo o Michael Bay dos samurais alternativos: explosivo, exagerado, incoerente... e absolutamente divertido. Ele não tá aqui pra fazer cinema cult. Ele tá aqui pra colocar sangue em forma de jato e gente rodando no ar com trilha techno.

Entrevista Exclusiva com Go Ohara – "Gueixas, katanas e explosões de yakisoba"


FILMELIXO: Senhor Ohara, primeiro de tudo, obrigado por topar essa entrevista. GEISHA ASSASSIN virou um clássico aqui entre os amantes do bom e velho "filme-lutinha-com-sangue-em-quantidade-irresponsável". De onde veio a ideia desse filme?
Go Ohara: Eu tava num restaurante comendo um sushi quando olhei pra uma mulher vestida de quimono servindo chá. Do nada, imaginei ela pulando pela janela e enfrentando ninjas com uma katana flamejante. Aí pensei: "isso daria um bom filme". No dia seguinte, escrevi o roteiro inteiro em guardanapos.

FILMELIXO: Honesto e direto, adorei. Agora... a protagonista mata umas 48 pessoas antes do almoço. Você já pensou em colocar alguma "gueixa pacifista"? Só pra variar?
Go Ohara: Pensei, sim. Mas ela ia morrer nos primeiros 10 minutos. E a plateia ia dormir. Então decidi fazer com que toda gueixa no meu universo resolva conflitos como se estivesse num campeonato de espadachins movidos a cafeína.

FILMELIXO: Justo. E sobre a quantidade de sangue, existe uma medida técnica? Tipo, você calcula por litro? Balde?
Go Ohara: Existe sim. Eu uso a fórmula clássica do cinema japonês:  
Número de figurantes × intensidade do grito × absurdo da situação = quantidade de sangue em litros.  
Por exemplo: se um figurante leva uma facada no dedinho e voa 5 metros gritando “AIIIIIIIII!”, é no mínimo "3 litros de groselha cinematográfica".

FILMELIXO: Incrível. A trilha sonora de GEISHA ASSASSIN parece feita num teclado Casio possuído. Você participa da criação musical?
Go Ohara: Sim. Eu e meu primo DJ YakuzaBeats fazemos juntos. A gente mistura tambores japoneses com efeitos sonoros de fliperama e música de elevador. A ideia é confundir emocionalmente o espectador. E dar vontade de dançar no meio da luta.

FILMELIXO: Uma dúvida filosófica agora: você considera seus filmes como arte?
Go Ohara: Sim, claro. Arte abstrata. É como se Picasso tivesse assistido "Kill Bill" dublado, com febre, e decidido pintar com espadas. Meus filmes não são pra entender. São pra sentir. E sangrar um pouquinho também.

FILMELIXO: Última pergunta: tem planos pra "GEISHA ASSASSIN 2"?
Go Ohara: Já está em pré-produção. Vai ter:  
- Uma gueixa androide,  
- Um samurai zumbi do futuro,  
- E um duelo final em cima de um trem-bala em chamas, com trilha sonora de koto remixado com dubstep.
- Já tem pôster!

FILMELIXO: Senhoras e senhores… isso é cinema.


PS: Pessoal, essa entrevista são vozes da minha cabeça após ficar dias sem dormir devido a uso de substancias alucinógenas. Criei apenas para deixar o post mais divertido.

GEISHA ASSASSIN é uma experiência cinematográfica divertida e cheia de ação que não deve ser levada muito a sério. Se você está procurando um filme com lutas insanas, personagens excêntricos e um enredo simples, este filme é para você! Prepare-se para rir, torcer por Kotono e se perguntar como alguém conseguiu juntar tantas ideias malucas em um único filme. É uma verdadeira festa para os amantes do cinema cult, digo trash! 

Finalizando, se fosse resumir GEISHA ASSASSIN de uma forma mais simplória do mundo, é como se fosse "Kill Bill" da Índia com orçamento de algum filme perdido da Troma.

Trailer


Geisha Assassin
Japão 
2008 - 80 minutos

Direção:
Go Ohara

Elenco:
Minami Tsukui (Kotomi Yamabe)
Shigeru Kanai (Katagiri Hyo-e)
Nao Nagasawa (Kumiichi)
Taka Okubo (Toji)
Satoshi Hakuzen (Go-an)
Shuji Korimoto (Assassino)
Kaori Sakai (Ainu)

Download (versão legendada)

Do básico ao avançado Adobe Premiere

VEJA TAMBÉM

31 março 2025

Guns

Pólvora, silicone e muitas gostosas! Talvez não nessa ordem!


Andy Sidaris, o mago da metralhadora em slow motion e do casting de ex-coelhinhas da Playboy, nos brinda com mais uma obra-prima da tosquice: GUNS. O título já diz tudo. Tem armas. Muitas armas. Provavelmente mais do que roteiro. E isso é um elogio. A trama, se é que podemos usar essa palavra sem dar risada, gira em torno de um cartel de tráfico de armas liderado por um malvadão com cara de quem faz cosplay de vilão de novela mexicana. Do outro lado, uma equipe de agentes secretas que, por coincidência ou fetiche do diretor, parecem todas ter saído direto de um ensaio da "Penthouse" dos anos 80. E sim, elas lutam contra o crime... de biquíni. Alias, se você acompanha o FILMELIXO, é claro que já sabia disso!!!


Cada personagem tem profundidade emocional equivalente a um copo d’água derramado no deserto. Temos Donna Hamilton (Donna Speir), a espiã que faz acrobacias de salto alto, e Nicole Justin (Roberta Vasquez), que atira melhor do que atua, o que neste filme, é um elogio. O vilão principal, Kane (interpretado por um Erik Estrada que claramente está ali pelo cheque), tem planos malignos que envolvem explodir coisas aleatoriamente enquanto sorri com aquele olhar de "não sei por que aceitei isso, mas preciso pagar o aluguel".


Alias, falando no Estrada, ele atua como se estivesse num comercial de margarina, mesmo quando está ameaçando matar alguém. Seu personagem tem planos tão genéricos que dá vontade de sentar e conversar com ele: “Amigo, você realmente precisa explodir esse barco? Não dá pra conversar com as moças primeiro?”

Ele fala frases como se estivesse sempre prestes a vender um consórcio, com um sorrisinho que diz: “Eu sei que isso é uma porcaria, mas olha esse cheque”.


Sidaris claramente tinha aquele orçamento modesto como já sabemos e que deve ter gasto 90% dos recursos em dinamites. Aviões explodem, carros explodem, até as atuações parecem prestes a explodir de tanta tensão fingida. Em certo momento, uma vilã tenta matar alguém com uma cobra escondida numa câmera fotográfica. Isso mesmo. Uma cobra. Numa câmera. Fotográfica. O roteiro foi escrito, provavelmente, com uma garrafa de tequila do lado e a convicção de que "realismo é superestimado".

-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Pausa para a dica de armazenamento, está precisando de espaço na nuvem?
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Aparentemente, o FBI dos filmes de Sidaris tem um código de vestimenta inspirado em "SOS Malibu (Baywatch)". Missões são executadas com o mínimo de tecido possível, o que certamente garante... distração do inimigo. Ou do público. Ou dos dois. Não há lógica, mas há estilo.


Os gadgets usados pelas agentes são uma mistura de "James Bond da Shopee" com "brinquedos quebrados dos anos 80". Tem um batom explosivo, uma mala que atira laser (?) e a já mencionada câmera que cospe COBRAS, que, por alguma razão, ninguém questiona como foi parar lá. Talvez elas tenham feito faculdade em Hogwarts, vai saber.

E o som dos computadores? Bipes aleatórios e telas verdes com gráficos que mais parecem o menu do Mega Drive hackeado.


As perseguições de carro são tão lentas que dá tempo de pedir uma pizza entre um corte e outro. Em uma cena, uma das espiãs atira num helicóptero... com uma pistola. O helicóptero explode como se tivesse uma bomba nuclear no tanque. A matemática de Sidaris: bala de 9mm + olhar sensual = destruição em massa.

Tem também o clássico “tiro de bazuca com peitos ao vento”, uma tradição no universo cinematográfico Sidarístico. E, honestamente, acho que o Oscar deveria ter uma categoria só pra isso.


GUNS é uma carta de amor ao absurdo. Um filme onde cada cena é uma mistura de pornô softcore com comercial de armamento, embrulhado num roteiro que parece ter sido escrito num guardanapo durante um churrasco. É como uma feira de armas montada num concurso de miss. É estúpido, exagerado, e completamente delicioso no que se propõe. É o tipo de filme que, se você assistir com uma cerveja na mão e o cérebro em modo avião, vira um espetáculo inesquecível de ação e vergonha alheia.


Assistir a esse filme é como mergulhar num mar de glitter radioativo: você sai confuso, encantado e levemente intoxicado. Mas acima de tudo, você sai divertido. Sidaris não faz cinema. Ele faz eventos cósmicos de mau gosto, ou melhor, bom gosto se tratando das atrizes 😍!!! E a gente agradece.

Já ia me esquecendo, temos ainda Danny Trejo!!!! Quer filme mais macho que esse???  Aqui, o nosso eterno cara de poucos amigos aparece bem novinho, mas já com aquela cara de quem nasceu aos 40 anos e passou a adolescência em uma briga de facas. Trejo interpreta um capanga do cartel, e mesmo com pouquíssimo tempo de tela, ele rouba a cena com a mesma intensidade que roubaria seu carro num beco mal iluminado.

Ele entra em ação com aquele jeitão de "vou te matar com uma faquinha de cortar pão e nem vou suar", e mesmo em meio a tanta bizarrice, é um dos poucos personagens que realmente parece perigoso. E olha que estamos falando de um filme onde uma cobra sai de uma câmera, então isso é um feito.


O mais engraçado é que, em comparação com o resto do elenco, modelos, atores de novela em decadência e figurantes com expressão de sono, Trejo parece um profissional perdido no set errado. Tipo: “Oi, gente… isso aqui não era um filme do Robert Rodriguez, não?”. Ele não fala muito, mas o visual já entrega tudo: sua cara de mal (porque ele é o único ali que não tá atuando como bandido, ele só é o bandido).


Se fosse pra refilmar GUNS hoje, Trejo teria virado o chefão da operação inteira, teria 30 minutos só dele matando gente com um abridor de latas, e provavelmente ganharia um spin-off chamado "Machete: Missão Biquíni Mortal".

Agora sim posso encerrar!

Trailer


Guns
Estados Unidos
1990 - 96 minutos

Direção:
Andy Sidaris

Elenco:
Erik Estrada (Juan Degas)
Dona Speir (Donna Hamilton)
Roberta Vasquez (Nicole Justin)
Bruce Penhall (Bruce Christian)
Cynthia Brimhall (Edy Stark)
William Bumiller (Lucas)
Devin DeVasquez (Cash)
Michael J. Shane (Shane Abilene)
Danny Trejo (Tong)

Download (versão legendada)

Do básico ao avançado Adobe Premiere

VEJA TAMBÉM