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17 maio 2025

Taeter City

A cidade dos canibais!


Você vai precisar preparar seu estômago (quem acompanha o FILMELIXO já deve estar calejado), porque TAETER CITY não está aqui pra te agradar, está aqui para "esmagar os miolos" com motosserra, ironia e um senso estético que parece ter sido parido por um cruzamento incestuoso entre "Mad Max", "Evil Dead" e um clipe underground qualquer de metal industrial.

Dirigido por Giulio De Santi, essa pérola podre do cinema trash italiano é o equivalente cinematográfico a uma rave cyberpunk dentro de um matadouro, só que o gado somos nós, a humanidade decadente. A trama gira em torno de uma cidade distópica onde o governo usa ondas de rádio para detectar tendências criminosas antes que o crime aconteça. Lembrou de algo? "Minority Report" é você?  O castigo? Ser moído e processado em carne para alimentar a população. Sim, você leu certo: "fast-food de bandidos". Por isso que o filme tem o subtitulo de "City of Cannibals".


Vou explicar novamente de uma forma mais suave, TAETER CITY se passa em um futuro distópico onde a violência é não apenas comum, mas celebrada. O governo, em um esforço para controlar a criminalidade, transforma execuções públicas em um espetáculo de entretenimento. Os cidadãos são incentivados a assistir a essas execuções ao vivo, e a cultura do "taeter" se espalha como uma forma de entretenimento popular. O filme começa com uma introdução que estabelece esse cenário sombrio, mostrando como a sociedade se deteriorou. 


E se isso já não fosse uma premissa absurda o suficiente, a execução do filme é um espetáculo grotesco de efeitos práticos, exagero estilístico e atuações que fazem novelas mexicanas parecerem Shakespeare. Os personagens são caricaturas ambulantes: agentes cibernéticos com voz robótica, vilões que mais parecem saídos de um show da GWAR, e um narrador que cospe exposição como se estivesse apresentando um comercial de energético feito por um serial killer.

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Mas calma, tem mais: a trilha sonora é uma paulada sonora de synths industriais, que gritam no seu ouvido como se você estivesse numa boate infestada de demônios em um porão de Berlim. É brega? Sim. Funciona? É obvio que sim!


Visualmente, o filme é um caos proposital: saturações neon, filtros digitais agressivos, câmeras tremidas e um uso desenfreado de CGI que parece ter sido feito por um adolescente furioso com o mundo. Mas ao invés de ser um defeito, isso vira identidade. É como assistir um jogo de videogame lançado em 1999 por um estúdio do leste europeu... enquanto você está em um surto psicótico causado por drogas pesadas.


E não dá pra ignorar o humor, se é que dá pra chamar de humor. Aqui se tem um sarcasmo cruel, daqueles que cutucam a ferida até sangrar e depois riam disso. O narrador, por exemplo, parece uma versão insana de um apresentador de telejornal distópico que cheirou uma linha de cinismo antes de entrar no ar. Ele é parte stand-up sociopata, parte tutorial de massacre patrocinado pelo governo.

O sistema da cidade é uma paródia escancarada da vigilância extrema: drones, escaneamento mental, punição imediata, e nenhuma chance de redenção. Você piscou com raiva? Já era: tá virando nugget de carne humana na linha de produção. É como se Orwell tivesse escrito "1984" depois de ser expulso de uma rave cyberpunk por excesso de violência.


E tem algo de profundamente europeu no DNA do filme. Não só pelo sotaque carregado dos atores ou pela estética pós-apocalíptica suja, mas por uma sensação de desesperança cultural, de crítica ao consumo, à indústria alimentar e principalmente ao Estado opressor, tudo com um molho de vísceras e barulho eletrônico.

A direção ficou a cargo de Giulio de Santi um nome sagrado nos becos escuros do cinema extremo europeu. Diretor, roteirista, editor, e muitas vezes também o cara que segura a câmera enquanto tudo explode em sangue, ele é o cérebro por trás da Necrostorm, produtora italiana especializada em filmes trash ultraviolentos, grotescos e insanos. Sim, isso foi um elogio.


De Santi não faz cinema para o público médio. Ele faz filmes como se estivesse criando um jogo de tortura para os sentidos, misturando influências do cyberpunk, do terror corporal, do gore anos 80 e do anime distorcido, tudo isso com um senso estético que parece ter saído de um pesadelo tecno fetichista.

Seus filmes não pedem desculpas. Eles não têm filtro, censura ou limites de bom gosto. Eles desafiam o espectador e muitas vezes o ofendem, com um desfile de violência gratuita, mutações bizarras, órgãos expostos e diálogos que soam como se tivessem sido traduzidos do italiano para o inglês por um alienígena com déficit de atenção. E, curiosamente, é aí que está a genialidade de De Santi: ele sabe exatamente o que está fazendo. Seu "trash" não é por acidente, é uma escolha estética consciente, quase uma forma de protesto contra o cinema estéril e domesticado.


Outros de seus filmes são: "Hotel Inferno" de 2013, um dos primeiros filmes de terror "em primeira pessoa". Sim, antes de "Hardcore Henry" que é de 2016. Em "Hotel Inferno", você  é o protagonista em uma missão infernal num hotel amaldiçoado.  Eu disse "você", pois lembre-se, o filme é em primeira pessoa. "Adam Chaplin" de 2011, aqui é um festival de porrada e sangue, misturando mangá, filme de ação, horror e um protagonista que parece o Kenshiro do "Hokuto no Ken" com problemas psiquiátricos sérios.

Giulio de Santi é um "visionário do caos". Ele não quer apenas chocar, quer arrancar seu cérebro do crânio e espremê-lo até você rir, chorar ou vomitar. Em um mundo onde o cinema está cada vez mais pasteurizado, ele se mantém como um punk solitário cuspindo sangue na cara do espectador. Seus filmes não são pra todo mundo. Mas quem entra nesse mundo e aceita a bizarrice... raramente sai ileso.


Voltando, TAETER CITY não tem pudor, nem vergonha, nem limites, e é exatamente por isso que é delicioso. É cinema feito com intestino, por quem não tem medo de abraçar o absurdo e mergulhar de cabeça na insanidade audiovisual. É para estômagos fortes, mentes sujas e corações que batem mais forte ao som de carne sendo triturada ao vivo. Um autentico FILMELIXO!

Se você gosta de filmes como Tokyo Gore Police, Full Metal Yakuza ou o bom e velho Toxic Avenger, esse aqui é sua próxima dose de podridão cinematográfica. Se você prefere algo mais "refinado", volte pro seu drama francês e deixe os canibais em paz. Aqui não é o seu lugar

Trailer


Taeter City
Itália
2012 - 73 minutos

Direção:
Giulio de Santi

Elenco:
Monica Muñoz (Razor)
Santiago Ortaez (Shock)
Wilmar Zimosa (Wank)
Giulio de Santi (Trevor Covalsky)
Enrique Sorres (Mutante)
Riccardo Valentini (Caronte)
Sabriel Munoz (El Marrano)
Saveriq Gittari (Bostor)

Download (versão legendada)

Do básico ao avançado Adobe Premiere

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8213: Gacy House (Paranormal Entity 2: Gacy House)

O espírito de Gacy assombra!


Antes de falarmos no filme, preciso comentar sobre John Wayne Gacy, que foi um dos mais notórios assassinos em série dos Estados Unidos. Nascido em 17 de março de 1942, em Chicago, Illinois, ele ficou conhecido como o "Palhaço Assassino" devido ao fato de se vestir como palhaço para eventos comunitários e festas infantis. Apesar de sua aparência amigável, Gacy escondeu uma das histórias mais perturbadoras da criminologia moderna.

Entre 1972 e 1978, esse filho da puta foi responsável pelo assassinato de pelo menos 33 jovens, a maioria meninos e jovens do sexo masculino, com idades entre 14 e 21 anos. Ele atraía as vítimas para sua casa, muitas vezes com promessas de emprego ou festas, e as submetia a violência sexual antes de matá-las. Muitos dos corpos foram enterrados no espaço rasteiro sob sua casa, enquanto outros foram descartados em rios próximos.


Antes de seus crimes serem descobertos, Gacy era um cidadão respeitável. Gerenciava uma empresa de construção e participava ativamente de eventos comunitários. Sua persona pública como "Pogo, o Palhaço" contribuiu para a dificuldade inicial das autoridades em suspeitarem dele.

Esse merda foi preso em dezembro de 1978, após investigações ligarem seu desaparecimento ao de uma vítima. Durante o interrogatório, as evidências começaram a se acumular, levando à descoberta dos corpos em sua propriedade. Ele foi condenado em 1980 por 33 acusações de assassinato e sentenciado à morte.

Esse lixo foi executado por injeção letal em 10 de maio de 1994, no Centro Correcional de Stateville, em Illinois. Durante sua prisão, ele também ficou conhecido por pintar quadros, muitos dos quais retratavam palhaços. O caso de Gacy continua sendo objeto de estudo, documentários e obras de ficção. É frequentemente citado como um exemplo de como aparências podem enganar, sendo um dos assassinos mais infames da história criminal americana.

Em 2024, o ator Jack Merryl, que trabalhou em "The O.C.", "Hannah Montana", "Numb3rs", entre outras séries, revelou que em 1978, então com 19 anos, pegou carona com Gacy após saírem de uma boate e acordou em sua casa algemado. Merryl também estava com uma engenhoca no pescoço que caso lutasse para fugir, iria se sufocar. Ele foi então abusado por Gacy. Por algum motivo, o serial killer não o matou e ainda o deixou no local onde se encontraram. O ator decidiu não contar para polícia e apenas o fez para as pessoas mais intimas. Segundo ele, trabalhar na arte o ajudou a superar o trauma.

Dito isso tudo, vamos finalmente falar do filme, que já posso começar que é distribuído pela The Asylum, quem é conhecedor do FILMELIXO e de pérolas de baixo orçamento já conhece a ótima fama que eles tem. Um obra melhor que a outra e GACY HOUSE é mais uma delas!

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8213: GACY HOUSE (PARANORMAL ENTITY 2: GACY HOUSE), bem, tem um nome "poderoso" e obviamente não vou citá-lo novamente inteiro, começa com uma introdução que estabelece o cenário sombrio da casa onde John Wayne Gacy cometeu seus crimes hediondos. A narrativa se desenrola em um formato de "found footage", muito popular na época, que imita a estética de documentários e programas de investigação paranormal. O filme é apresentado como se fosse uma gravação real feita por um grupo de investigadores que busca capturar evidências do sobrenatural.


O grupo de investigadores é composto por um líder carismático, um cético, uma sensitiva e um cameraman. Eles entram na casa com a intenção de documentar atividades paranormais e, claro, tentar entrar em contato com o espírito de Gacy. A atmosfera é tensa desde o início, mas rapidamente se transforma em algo mais cômico do que aterrorizante, algo absolutamente normal nos filmes da The Asylum.

Os personagens são um dos pontos altos do filme. Cada um traz uma personalidade exagerada que contribui para o humor involuntário.

Temos o líder destemido, sendo aquele tipo de personagem que adora ser o centro das atenções. Ele fala com confiança sobre suas habilidades de investigação, mas suas ações muitas vezes contradizem suas palavras. Em um momento, ele tenta "comunicar-se" com Gacy usando uma tábua Ouija, mas acaba fazendo piadas sobre como os espíritos devem estar ocupados.

Tem uma espécie de "Márcia Sensitiva", é a clássica personagem que "sente" a presença dos espíritos. Ela faz declarações dramáticas sobre as energias ao seu redor, mas suas reações são tão exageradas que acabam sendo bisonhas de tão engraçadas. Em uma cena, ela grita ao sentir uma "presença" e acaba derrubando toda a mesa, o que resulta em risadas em vez de sustos.

E o cético, personagem que questiona tudo e todos. Ele está sempre tentando desmascarar as "falsas evidências" e acaba se tornando o alvo das piadas do grupo. Sua constante negação das atividades paranormais gera momentos hilários, especialmente quando ele se assusta com barulhos inexplicáveis.


Se você está esperando por cenas sangrentas ou gore, prepare-se para a decepção! GACY HOUSE não é sobre sangue e vísceras; é mais sobre sustos baratos e fenômenos sobrenaturais. As "cenas assustadoras" envolvem barulhos estranhos, luzes piscando e sombras passageiras, nada muito gráfico. Pode dar um susto ou outro quando não causar gargalhadas.

E claro que temos o fantasma do palhaço assassino, onde numa cena particularmente engraçada, o espírito de Gacy aparece para os investigadores. Em vez de ser aterrorizante, ele faz comentários sarcásticos sobre sua vida como palhaço, algo como "Eu costumava fazer as crianças rirem antes de... bem, vocês sabem". Essa abordagem leve torna a cena mais cômica do que assustadora.


A produção é claramente de baixo orçamento, mas isso só adiciona ao charme do filme. As locações são limitadas à casa e seus arredores, criando um ambiente claustrofóbico. A casa não tem muitos detalhes decorativos; parece mais um cenário improvisado para um filme escolar. Os ambientes são escuros e sombrios, mas a iluminação precária acaba fazendo com que as sombras pareçam mais engraçadas do que assustadoras.

Os efeitos especiais são quase inexistentes; qualquer "fenômeno paranormal" é sugerido através de cortes rápidos e ruídos estrondosos. Por exemplo, quando uma porta se fecha sozinha, a edição rápida faz parecer mais um truque de mágica mal feito do que um evento sobrenatural.


O humor involuntário permeia todo o filme. As situações absurdas e os diálogos malucos criam momentos hilários que fazem você rir em meio ao caos sobrenatural. Em uma sequência, enquanto tentam capturar fenômenos paranormais com suas câmeras, eles acabam filmando mais suas próprias reações exageradas do que qualquer coisa sobrenatural. Um dos personagens grita ao ver uma sombra, mas a sombra acaba sendo apenas seu próprio reflexo!

Uma das partes mais absurdas do filme é quando eles tentam atrair o espírito trazendo uma "camisa branca" pertencente a uma das vítimas. Sim, isso realmente acontece! A ideia é tão absurda que você não consegue deixar de rir enquanto eles discutem sobre qual camiseta seria mais atraente para o espírito.


GACY HOUSE é uma experiência cinematográfica única que mistura terror com comédia involuntária, ou melhor, comédia involuntária com comédia voluntária. Se você está procurando um filme sério sobre assombração ou os horrores da vida real, este não é o lugar. Mas se você quer rir das situações absurdas enquanto tenta entender como alguém decidiu fazer um filme sobre um assassino em série com essa premissa bizarra, então prepare-se para uma noite divertida!

Foi dirigido por Anthony Fankhauser que também é produtor e roteirista, conhecido por seu trabalho em filmes de baixo orçamento, muitas vezes nos gêneros de terror e ficção científica. Nascido nos Estados Unidos, Fankhauser construiu uma carreira prolífica, dirigindo e produzindo um grande número de filmes, muitos dos quais ganharam notoriedade no mercado de filmes "B" e entre os fãs de filmes de monstros e desastres. Como diretor, alguns de seus trabalhos incluem: "2012: Supernova" de 2009 e "Jurassic Attack" também conhecido como "Rise of the Dinosaurs" de 2013.


Além de dirigir, Fankhauser também atuou como produtor e produtor executivo em muitos outros filmes e séries de televisão, incluindo: "Lavalantula" de 2015 e sua sequência "2 Lava 2 Lantula!" de 2016; "Toxic Shark" (2017), além de vários filmes para televisão e telefilmes de comédia romântica e de Natal. Trabalhou como produtor executivo na série de televisão "Creepshow".

Seus filmes frequentemente apresentam premissas exageradas, efeitos visuais modestos devido aos orçamentos limitados e que, apesar das limitações de orçamento, Fankhauser conseguiu manter uma carreira ativa na indústria cinematográfica, entregando um fluxo constante de filmes para um público específico interessado nesse tipo de entretenimento.

GACY HOUSE é perfeito para quem gosta de filmes ruins, aqueles que são tão ruins que acabam se tornando bons, ou seja, digno FILMELIXO. Prepare-se para se divertir enquanto acompanha esse grupo maluco em sua busca pelo fantasma do palhaço assassino! É uma verdadeira festa para os amantes do cinema cult!

Legendado por FILMELIXO!

Trailer


8213: Gacy House (Paranormal Entity 2: Gacy House)
Estados Unidos
2010 - 90 minutos

Direção:
Anthony Fankhauser

Elenco:
Matthew Temple (Robbie Williams)
Michael Gaglio (Dr. James Franklin)
Brett A. Newton (Gary Gold)
Diana Terranova (Janina Peslo)
Sylvia Panacione (Tessa Escobar)

Download (versão legendada)

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