Google+

27 setembro 2024

Malibu Express

Do mestre Andy Sidaris!


Malibu Express, dirigido por Andy Sidaris, é um dos clássicos do "cinema B" dos anos 80 que leva o conceito de ação exagerada a um nível completamente novo. O filme é uma mistura absurda de espionagem, corridas de carros, tiroteios, e, claro, uma boa dose de mulheres em biquínis. Se você está procurando por um filme de trama complexa e atuações dignas de Oscar, já vou avisando: você veio ao lugar errado. Agora, se o seu objetivo é se divertir com algo deliciosamente cafona e recheado de clichês, esse filme é pura diversão. 

Mas pera aí? Não conhece Andy Sidaris? Tudo bem, é a primeira vez que trago aqui. Ele foi um diretor e produtor de filmes norte-americano, famoso por seus filmes de ação de baixo orçamento, especialmente durante as décadas de 1980 e 1990. Nasceu em 20 de fevereiro de 1931, em Chicago, Illinois, falecendo em 7 de março de 2007. Sidaris começou sua carreira na televisão, onde dirigiu esportes e eventos, incluindo a cobertura das Olimpíadas e eventos da NFL. Ele chegou a ganhar um prêmio Emmy por seu trabalho como diretor de transmissões esportivas. 

No entanto, Sidaris ficou mais conhecido por seus filmes de ação, que ele próprio classificava como "Triple B" ("Bullets, Bombs and Babes" ou "Balas, Bombas e Garotas"). Esses filmes, que misturavam cenas de ação explosivas com personagens femininas gostosas e armadas, tornaram-se uma marca registrada de sua carreira no cinema. Entre os filmes mais populares de Sidaris estão "Malibu Express" (1985), "Hard Ticket to Hawaii" (1987), e "Picasso Trigger" (1988). Esses filmes geralmente eram estrelados por modelos da Playboy ou ex-misses, seguindo uma fórmula que misturava ação, espionagem, e uma boa dose de sensualidade.

Sidaris também foi pioneiro no estilo de filmagem conhecido como "honey shot", uma técnica usada durante transmissões esportivas para captar imagens de mulheres bonitas no meio da multidão, o que também influenciou seu estilo de direção nos filmes. Apesar de não ter sido aclamado pela crítica, Andy Sidaris construiu uma base de fãs fiel no gênero "cinema B", e seus filmes continuam a ser apreciados como cult pelos fãs de filmes de ação exagerada e entretenimento com mulheres bonitas. Sim, seus filmes tem muitas mulheres bonitas (e peladas!!!).


MALIBU EXPRESS faz parte do chamado "Triple B" de Sidaris (citado anteriormente), que é uma série de 12 filmes que fazem parte do mesmo universo de agentes da DEA no Havaí e futuramente com os agentes secretos da L.E.T.H.A.L. "Legion to Ensure Total Harmony and Law" (numa tradução livre seria "Legião para Garantir Harmonia Total e Lei"). Não necessariamente os filmes são continuações, até porque tem atores que chegam a fazer papeis diferentes, então nem de bola para isso. MALIBU EXPRESS é o primeiro desse "Universo Expandido de Sidaris". Chupa Marvel!

Os filmes são (em ordem de lançamento):
Malibu Express (1985)
Hard Ticket to Hawaii (1987)
Picasso Trigger (1988)
Savage Beach (1989)
Guns (1990)
Do or Die (1991)
Hard Hunted (1992)
Fit to Kill (1993)
Enemy Gold (1993)
The Dallas Connection (1994)
Day of the Warrior (1996)
Return to Savage Beach (1998)

Tirando o "Enemy Gold" e "The Dallas Connection" que foram dirigidos por Christian Drew Sidaris, filho de Sidaris, todos os demais foram dirigidos pelo mestre.

Vamos ao filme, o herói dessa ópera de testosterona e tiroteios é Cody Abilene (interpretado por Darby Hinton), um detetive particular cuja principal característica é ser incrivelmente charmoso, mas lamentavelmente péssimo com armas de fogo. Quando cito "péssimo", não estou exagerando. Em uma época onde heróis de filmes de ação são basicamente máquinas de matar, Cody não consegue acertar um alvo nem a curta distância. E é isso que o torna tão divertido! Ele sabe disso, mas seu charme e carisma fazem com que, de alguma forma, sempre se safe. O fato de ele viver numa luxuosa casa flutuante em Malibu só adiciona ao seu estilo de vida "cowboy da praia".


Cody é contratado para investigar uma rica e suspeita família que pode estar envolvida em um escândalo de espionagem. A trama central envolve um esquema em que segredos do governo estão sendo vendidos para os russos. Sim, os vilões da Guerra Fria, sempre prontos para aparecerem como antagonistas perfeitos em qualquer enredo dos anos 80. O problema? Quase ninguém parece ser o que realmente é, e a investigação logo se transforma em um emaranhado de situações ridículas que incluem assassinatos, perseguições e traições.

Cody é contratado por uma misteriosa figura do governo, a Condessa Luciana (Sybil Danning), que o coloca no encalço da família Chamberlain, um grupo de ricaços excêntricos. Entre os principais suspeitos estão Lady Lillian Chamberlain (Niki Dantine), a matriarca impiedosa e manipuladora, Stuart Chamberlain (Michael Andrews), um ricaço esquisitão, e Anita (Shelley Taylor Morgan), a sedutora esposa de Stuart, que parece ser a principal peça desse quebra-cabeça de intrigas.

Durante a investigação, Cody também conhece personagens bizarros, como Shane (Brett Clark), o mordomo ex presidiário, suas vizinhas Faye e May (Kimberly McArthur/
Barbara Edwards), interpretadas por ex playmates e, que estão sempre disponíveis para qualquer tipo de distração, além de claro a família Buffington, o pai P. L. (Abb Dickson), sua esposa Dooren (Busty O'Shea) e o filho maluco Bobo (Randy Rudy). O trio aparece para desafiar o herói numa corrida e sempre quando estão em tela é hilário.


Sidaris sabia que estava fazendo algo maior que a vida, então a cada cinco minutos temos uma cena que desafia a lógica, e muitos anos antes de "Velozes & Furiosos". Perseguições em carros esportivos, tiroteios com armas que parecem mais saídas de um filme de ficção científica do que de um caso de espionagem realista, e um Cody que, mesmo sem saber atirar, se mete em situações onde, claro, há armas por todos os lados.

Um dos pontos altos do filme é uma corrida de barco que acontece por entre ilhas, com Cody dirigindo sua lancha como se estivesse em um videogame de arcade. Há também as cenas de perseguições automobilísticas, onde o DeLorean de Cody brilha sob o sol da Califórnia, em pleno glamour dos anos 80. Mas o detalhe é que, mesmo com todos esses momentos “empolgantes”, há sempre um toque de humor. As cenas de luta são coreografadas de maneira tão tosca que parece que os personagens estão participando de um jogo de pega-pega.


Agora, seria impossível falar de um filme de Andy Sidaris sem mencionar o elemento que o tornou uma espécie de mestre do "cinema B": a sensualidade exagerada. O filme tem inúmeras cenas de nudez gratuita, geralmente envolvendo modelos da Playboy e estrelas de revistas masculinas, que fazem parte do elenco. As mulheres de MALIBU EXPRESS não são apenas coadjuvantes, mas quase uma parte fundamental da "trama", seja distraindo Cody com banhos de sol na piscina, ou se envolvendo em cenas de sedução dignas de um videoclipe dos anos 80.

As cenas de erotismo, no entanto, nunca são realmente explícitas ou vulgares. Elas parecem estar ali mais para sublinhar a estética exagerada do filme do que para chocar ou provocar. Sidaris sabia como usar isso a seu favor, fazendo com que esses momentos se tornassem quase satíricos, como se o filme estivesse piscando para o público a cada cena de biquíni.


É impossível assistir MALIBU EXPRESS e não ser imediatamente transportado para o auge dos anos 80. As roupas (muito neon, maiôs cavados, blusas justas e calças com cintura alta), os cabelos (todo mundo com um mullet estilizado ou cachos volumosos), e a trilha sonora sintetizada criam um clima tão icônico que você pode quase sentir o cheiro de laquê e fita cassete no ar. O filme, anda anos 80, cheira anos 80, tem aparência anos 80...


Tudo no filme é um exagero visual: das mansões luxuosas em Malibu às corridas de carros, barcos e helicópteros. E isso tudo, é claro, filmado com aquele charme amador de uma produção de baixo orçamento. O filme não tenta esconder que é uma produção barata, e Sidaris abraça essa simplicidade, elevando o charme da coisa toda.

MALIBU EXPRESS é uma explosão de exageros, desde a trama simplória e maluca, até as personagens voluptuosas e as cenas de ação inverossímeis. O filme entrega exatamente o que promete: um entretenimento despreocupado, com tiroteios sem fim, personagens caricatos, e uma boa dose de humor involuntário. Andy Sidaris sabia como misturar ação, erotismo e comédia de uma maneira que se tornou única. Se você está no clima para assistir a algo que desafia a lógica e abraça todos os clichês possíveis dos filmes de ação dos anos 80, este aqui vai te proporcionar uma sessão de risadas, surpresas e momentos absurdos que só o cinema B dessa época poderia oferecer. Ah sim, já ia me esquecendo, Sidaris faz uma pequena aparição.

Versão sem censura e legendada por FILMELIXO!

Trailer


Malibu Express
Estados Unidos
1985 - 101 minutos

Direção:
Andy Sidaris

Elenco:
Darby Hinton (Cody Abilene)
Sybil Danning (Condessa Luciana)
Niki Dantine (Lady Lillian Chamberlain)
Michael Andrews (Stuart Chamberlain)
Shelley Taylor Morgan (Anita Chamberlain)
Lorraine Michaels (Liza Chamberlain)
Brett Clark (Shane)
Kimberly McArthur (Faye)
Barbara Edwards (May)
Abb Dickson (P. L. Buffington)
Busty O'Shea (Doreen Buffington)
Randy Rudy (Bobo Buffington)

Download (versão legendada)

Inglês com Filmes - Entenda o Inglês Falado

Cinema independente para mentes empreendedoras

Do básico ao avançado Adobe Premiere

24 setembro 2024

Midori: The Camellia Girl

A versão live action do bizarro manga/anime


Esse filme é uma adaptação live action do perturbador mangá "Mr. Arashi’s Amazing Freak Show" de Suehiro Maruo, que por si só já é uma verdadeira montanha russa de emoções, com cenas que transitam entre o grotesco e o surreal. Se você acha que está preparado para mergulhar nesse universo bizarro, deixe-me avisar: nada pode te preparar para essa viagem. Este é um filme que mistura horror, drama, surrealismo, e uma dose generosa de desconforto. Mas, de alguma forma, tudo isso se encaixa em um espetáculo visual estranho e fascinante, que pode te deixar com o estômago embrulhado, mas ao mesmo tempo vidrado na tela.

O filme segue a história da jovem Midori (Risa Nakamura), uma órfã que, após perder a mãe (Miyuki Torii), acaba sendo forçada a entrar em um circo itinerante de aberrações. E quando eu digo aberrações, não estou falando de artistas excêntricos ou mágicos bizarros, este circo é como se seus piores personagens em pesadelos se tornassem realidade.


Midori é uma menina extremamente frágil, que é constantemente abusada e torturada pelos outros membros do circo, uma galeria de figuras grotescas que parece ter sido desenhada diretamente de uma mente no limite entre o surreal e o horror. Temos homens deformados, mulheres com corpos distorcidos, e uma série de bizarrices que te faz questionar se você realmente queria estar assistindo a isso mas, ao mesmo tempo, você não consegue parar.

As coisas tomam um rumo ainda mais estranho quando aparece o mágico Masamitsu (Shunsuke Kazama). Este cara é uma espécie de salvador para Midori, mas também carrega um ar de mistério e perigo, tornando a relação entre eles desconfortavelmente ambígua. Você não sabe se ele é realmente a pessoa que vai ajudar Midori a escapar do seu destino trágico, ou se ele é apenas mais uma figura perturbadora neste mundo doentio.


Se há uma coisa que a diretora Torico (sim, esse é o nome da diretora que infelizmente tem poucas informações sobre ela) acerta em cheio, é a atmosfera do longa, o filme é um banquete visual perturbador, com uma estética que lembra um pesadelo bisonho. Tudo é exageradamente grotesco e estilizado, desde o cenário decadente do circo até as roupas sujas e esfarrapadas dos personagens. Há uma mistura de cores vibrantes e sombras profundas que cria uma sensação de desconforto constante, como se você estivesse preso dentro de um quadro surrealista que nunca faz sentido.

Cada cena parece ter sido desenhada para te deixar desconfortável, e os efeitos práticos são tão bizarros que você se pega questionando como alguém pensou em fazer aquilo e, mais importante, por que? Mas, para aqueles que amam o cinema bizarro e provocador, isso é como uma carta de amor ao estilo grotesco e absurdo.


A direção de arte é uma das estrelas do show. Os cenários são ao mesmo tempo mágicos e sujos, como se você estivesse assistindo a um teatro de marionetes macabro, onde cada objeto e detalhe parece ter uma história trágica ou perturbadora. Mesmo que o filme te deixe desconcertado, não dá para negar o quanto ele é visualmente impressionante.

Os personagens de MIDORI: THE CAMELLIA GIRL são uma verdadeira galeria de horrores. E é exatamente por isso que eles são tão fascinantes. Cada um deles parece ter saído de um conto de fadas distorcido, onde o final feliz foi substituído por tragédias e deformidades. Foram muito bem adaptados para esse live action, algo que não seria fácil.


Midori é a personificação da inocência perdida. Você vê sua jornada através de um mundo sombrio e decadente, e é impossível não sentir empatia por ela ou pelo menos, uma vontade desesperada de que algo, qualquer coisa, dê certo para ela. Mas, ao mesmo tempo, sua passividade e sofrimento constante fazem com que o filme seja quase uma experiência masoquista, tanto para ela quanto para o público.

O mágico Masamitsu, por outro lado, é uma figura complexa. Ele é carismático, mas ao mesmo tempo envolto em um véu de ambiguidade moral. Você nunca sabe se ele está realmente tentando ajudar Midori ou se ele tem seus próprios motivos egoístas e doentios. Ele é o típico personagem que te deixa com um pé atrás o tempo todo, mas você não consegue desviar o olhar.



E, claro, os outros membros do circo são uma mistura bizarra de horrores ambulantes. Cada um tem sua própria deformidade física ou psicológica, e suas interações com Midori são, na maior parte do tempo, terrivelmente cruéis. Mas, no fundo, você sente que todos eles são vítimas de suas próprias tragédias pessoais, presos nesse ciclo de dor e degradação.

Se você não tem estômago para o bizarro e o grotesco, este filme não é para você. Há uma sensação de horror físico que permeia cada cena, com deformidades e mutilações sendo expostas de maneira crua e sem qualquer filtro. E não é só o físico que é perturbador o horror psicológico também é intenso. Midori é constantemente submetida a abusos, tanto emocionais quanto físicos, e assistir a isso é um exercício de resistência. Mas claro, quem vem aqui no FILMELIXO está procurando essas bizarrices!!!


É como se o filme estivesse sempre te desafiando a continuar assistindo, mesmo quando tudo em você diz para parar. A violência gráfica é impactante, mas o verdadeiro horror está na maneira como as pessoas são tratadas como objetos e como o sofrimento parece ser uma constante em suas vidas.

Há também um elemento surrealista que se mistura com o grotesco, criando um universo dos sonhos onde as regras da realidade não se aplicam completamente. Em um momento, você está assistindo a uma cena relativamente normal (dentro dos parâmetros bizarros do filme), e no seguinte, algo completamente absurdo e sem sentido acontece. Isso só aumenta a sensação de desconforto e inquietação.

Embora o filme seja visceral e aparentemente gratuito em seu choque, ele toca em temas mais profundos, como o abuso, a exploração e a perda da inocência. Mas, é claro, ele faz isso de uma maneira que pode ser facilmente interpretada como pura exploração sensacionalista. O sofrimento de Midori é retratado de forma tão extrema que você pode se perguntar se o filme está apenas tentando chocar ou se há realmente uma crítica social sendo feita.


De qualquer forma, é uma experiência que te força a confrontar a feiura da condição humana, seja através da exploração das deformidades físicas ou da crueldade emocional. É um filme que provoca reações fortes seja nojo, desconforto ou fascinação e é isso que o torna memorável, ainda que perturbador.

Mesmo com tudo isso, essa versão achei menos "pesada" que o anime. Alias, se querem conhecer clique aqui e tirem suas conclusões. MIDORI: THE CAMELLIA GIRL é um filme para poucos, mas para todos que gostam de bizarrices.

Legendado por FILMELIXO.

Site oficial (o ar até o momento da postagem):

Trailer


Midori: The Camellia Girl
Japão
2016 - 89 minutos

Direção:
Torico

Elenco:
Risa Nakamura (Midori)
Shunsuke Kazama (Wanda Masamitsu)
Takeru (Kanabun)
Daichi Saeki (Muchisute)
Motoki Fukami (Akaza)
Akihiro Nakatani (Jiro)
Miyuki Torii (Mãe de Midori)

Download (versão legendada)