No Brasil, entre as décadas de 50 e 70, as foto novelas eram um grande sucesso entre o publico feminino que para quem não sabe, é como uma história em quadrinhos mas ao invés de desenhos, são feitas com fotos de atores representando, como um filme.
Em geral, são (ou eram) publicadas no formato de revistas, livretos ou de pequenos trechos editados em jornais e revistas, e algumas podem ser divididas em capítulos que tem um desfecho próprio, uma espécie de cliffhanger, que cria suspense e curiosidade no leitor, levando-o a comprar a continuação.
A primeira revista de fotonovela publicada aqui foi "Encanto", pois embora "Grande Hotel" circulasse desde 1947, só em 1951 que publicou uma fotonovela, intitulada "O Primeiro Amor Não Morre".
Em pesquisa feita em 1974, as revistas de fotonovela só eram superadas, em venda, pelas revistas de quadrinhos infantis. A revista "Capricho", da Editora Abril, era na época a mais vendida em média quinzenal de 210 mil exemplares (isso mesmo, média quinzenal), perdendo apenas para os personagens Disney, Mickey, Pato Donald e Tio Patinhas, cada uma com uma média periódica aproximada de 400 mil exemplares !!!
Nos anos 1970, mais de 20 revistas de fotonovelas chegaram a circular no Brasil, publicadas por várias editoras: Bloch, Vecchi, Rio Gráfica, Abril e Prelúdio, sendo que, na época, ao contrário das demais editoras que importavam as fotonovelas da Itália, a Bloch produzia suas fotonovelas no Brasil, com a revista "Sétimo Céu".
Sétimo Céu - Nº 28/JAN 1975. Com Sonia Braga e Mauro Mendonça. |
Já que falamos na Itália, lá era o ''paraíso'' das fotonovelas, tipo o Brasil e México hoje com as novelas. Por lá, os quadrinhos são chamados de ''fumetti'', fumaça, em referencia aos balões usados para referir os diálogos.
Ok, mas para que tudo isso numa postagem ? Simples, o ''astro'' desse filme é originário de uma fotonovela de grande sucesso na Itália.
Killing (no original com dois ''L''), é um criminoso da pior especie, sem escrúpulos, sem misericórdia, sádico e até hoje com identidade não descoberta pelas autoridades. Ele veste um traje preto com um esqueleto desenhado. Curiosidade, o traje foi criado pelo italiano Carlo Rambaldi (1925-2012), que venceu dois Oscars por efeitos visuais com Alien e E.T. mais um prêmio especial por King Kong de 1976. Voltando, Killing costuma matar outros criminosos para roubar seus roubos (ladrão que rouba ladrão...), sempre que possível de forma cruel. As mulheres também fazem parte importante da história, sendo torturadas ou assassinadas e geralmente semi nuas ! Para matar, além de usar armas de fogo e facas, costuma usar um dardo com um veneno que causa uma morte lenta e dolorosa. Se não bastasse tudo isso ainda é um mestre em disfarces.
Capa de uma de suas edições italianas. |
Foi interpretado na maioria das vezes por Aldo Agliata, sua namorada Dana que usa sua beleza e sedução a serviço do crime é unica pessoa que conhece sua identidade (por motivos óbvios, imagina transar com máscara de esqueleto !!!), é a bela Luciana Paoli que esteve em ''Rainha da Babilônia'' e ''O Médico do Instituto''. Outro personagem importante é o policial Mercier (Dario Michaelis), muito esperto e inimigo mortal do vilão, mas Killing sempre esteve um passo a sua frente. A serie contou com outros atores rotativos que participaram de vários filmes spaghetti westerns, giallos e explotation.
Killing foi inspirado por vários personagens anteriores, incluindo Fantômas, Diabolik, e especialmente Kriminal, onde foi até a roupa foi copiada ou inspirada. Uma diferença importante e que talvez por isso tenha se tornado cult é que as histórias de Killink eram muito violentas e sexualmente explicitas.
Cena de Kriminal (1966) de Umberto Lenzi. |
Foi criado por Pietro Granelli com os episódios dirigidos pelo ator e cantor Rosario Borelli sendo publicado em 1966 pela Editora Ponzoni. Durou 62 edições até 1969, quando infelizmente a censura pegou e a produção suspensa. Suas histórias foram para França (seu nome foi trocado para Satanik), Alemanha, Bélgica, Turquia, Argentina (Kiling, com um ''L''), Colombia, Venezuela e Brasil, pela Editora Mundo Latino em 1981, mas infelizmente durou pouco também devido a censura. Em 2006 chegou aos Estados Unidos rebatizado como Sadistik pela comicfix, que inclusive produziu um documentário dirigido por Sandro Yassel Spazio ou Ss-Sunda intitulado ''The Diabolikal Super-Kriminal'' de 2009 onde teve sua estréia na Comic-Con de San Diego e recebeu uma menção especial dos juízes.
Por curiosidade, em 1964, Max Bunker criou a personagem Satanik, uma cientista mais feia que a Dilma que criou um forma para ficar bonita, mas como efeito colateral, se tornou completamente insana. No mercado francês seu nome foi trocado para Demoniak, já que o Killing já tinha chego antes e adotou o nome de Satanik.
Capa de uma edição da personagem Satanik. |
Por algum motivo, Killing não virou oficialmente um longa (já que todas suas inspirações ganharam), mas ainda bem que temos os turcos picaretas para quebrar o galho e nos trazer perolas como ''Kilink Istanbulda'' (Killing in Istambul) que abriu uma sequencia de 11 filmes (que menos é que tenho conhecimento, pode ser mais) baseado no personagem.
KILINK UCAN ADAMA KARSI (eita nome difícil), é sem duvida nenhuma uma bobagem sem tamanho, cenas desconexas, sem continuidade, atuações bisonhas, enredo ridículo, um ''cross over'' com um Super Homem picareta de 9º categoria que ganha seus poderes com um velho mulambento e que ainda precisa gritar ''shazam'' para se transformar.
Kilink e sua namorada Suzi. |
Com certeza esse é filme mais mal editado que já assisti, provavelmente o pior de toda história do cinema mundial, pior de todo sistema solar ! Não é possível, se foi tudo proposital, não tenho duvida que o cara que editou estava com alucinogênios no cérebro, isso aqui é tão escroto que se explicar aqui, muitos não vão acreditar. As cenas são cortadas no meio das porradas, um dialogo termina numa outra cena que não tem relação nenhuma com a anterior é tão bizarro que prefiro acreditar que algo aconteceu o partes das filmagens foram perdidas. Com relação a isso, perto do final do filme, uma narração surge e começa a contar o final junto com imagens, sendo assim, até posso me esforçar em imaginar que o diretor quis dar um ar de quadrinhos para o filme, mas será que foi isso mesmo ?
Para que perder tempo em tirar a mascara para namorar... |
Bem, com tudo isso é fácil imaginar que esse é um dos filmes mais toscos que já tive o prazer de ver, tem a cena impagável do Deus Sazeball dando poderes ao inspetor é demais.
O coitado está se lamentado pela morte do pai pelas mãos de Kilink e que irá se vingar, mas que isso é impossível (contraditório, né ?) e então surge o tal Deus:
- Não tenha medo de mim, minha criança. Eu não irei machucá-lo. Eu protejo os bons e puno os maus! Sou Sazeball. Estou contra Kilink, o assassino do seu pai.
- Eu quero pará-lo, tanto quanto você.
- Eu te darei o poder de Hércules, a fúria e a justiça de Júpiter, a fama de Newton, a velocidade de Ártemis e as asas de Hermes. Você só tem que dizer uma palavra. "Shazam". Nunca se esqueça, "Shazam".
- "Shazam!"
HUAHAUHAUHAUHAU
Cara, essa cena é demais, o tal inspetor agora é o Super Homem ou homem voador, com a mascara do Batman. Ele só voa duas vezes no filme, em poucos segundos e nuns takes pra lá de ridículos.
Esse é o picareta que deu poderes ao inspetor ! |
Esse filme é uma continuação do ''Kilink Istanbulda'' (Killing in Istambul), que inclusive contou com os mesmo personagens e essa sequencia inclusive utilizou cenas do original. Conta com a segunda maior lenda do cinema turco (o primeiro vocês sabem quem é, né ?), eu estou falando de Husein Peyda, aqui bem mais novo e sem barba, dificultando sua identificação, mas ele está lá !
Kilink adora festinhas e ser paquerado ! |
Esse filme recomendo assistir com os amigos, diversão garantida !!!
Mais informações:
http://morttodd.com/sadistikcinema.html
Créditos para criação dessa postagem:
http://asfotonovelas.blogspot.com.br/
Agradecimentos ao leitor DougTrash por legendar e nos trazer essa perola !
Trailer
Kilink Ucan Adama Karsı (Kiling vs FlyingMan)
Turquia
1967 - 48 minutos
Direção:
Yilmar Atadeniz
Elenco:
Irfan Atasoy (Orhan/Homem voador)
Pervin Par (Gül)
Muzaffer Tema (Professor Cemil)
Suzan Avci (Suzi)
Huseyin Peyda (Komiser)
Feridun Çölgeçen (Professor Maxwell)
Download (versão legendada)
Extra:
Killing: Rastro de Sangue
A primeira edição lançada no Brasil
Download
Créditos para essa edição:
http://asfotonovelas.blogspot.com.br/
cheguei a ver algumas dessas revistas de foto novela!
ResponderExcluirespecial os de wester que era imagens retiradas de filmes.
sempre confundia os personagens kilink e kriminal.
não é possível que não tenha rolado uns processo entre esses dois.
elcio
Não sei dizer se houve processo, mas nos anos 70/80 na Itália, Turquia e Índia era tudo ''normal'' copiar !
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